POLÍTICA ANIMAL

Num país não muito distante, um grupo de animais resolveu tirar o Leão do poder. Eles teceram vários argumentos:

– Monarquia está fora de moda –disse o Burro– o que está bombando é a burocracia.

– Não, burocracia não. Democracia –Bradou a Zebra.

– Democracia é o poder que emana do povo, pelo povo e para o povo. –explicou a Coruja.

Feito os devidos ajustes, iniciaram então a desmonarquização do país. O Rei foi deportado e assumiram outros em seu lugar, que agiram como tal.

As coisas mudaram muito com o tempo. Os animais haviam decidido que o presidente assumiria um mandato de quatro anos e poderia se reeleger por mais quatro. As Hienas foram espertas o suficiente para coagir os Burros a votarem usando cabresto e, no memento que iam votar os macacos, grandes proprietários de florestas, os guiava para onde queriam e, assim, só ficavam no governo quem os macacos queriam.

Passado algum tempo as Hienas tomaram o poder: prendiam, matavam, deportavam a todos quantos se opusessem a elas. O Bem-te-vi, de cabelos cacheados, foi cantar em outras terras, bem como muitos outros

As Corujas foram proibidas de ensinar a pensar, não podiam mais emancipar ninguém. Uma delas voou para um país vizinho e tornou-se referencia – em seu país de origem, só pouco antes de sua morte é que o valorizaram, ele escreveu vários livros falando da autonomia, da indignação, do oprimido, dentre outros. A Coruja que não seguisse a cartilha imposta pelo governo teriam todas as suas penas arrancadas. O poleiro das Araras foi transformado em local de tortura.

– Cuidado com o pau-de-arara! – advertiam os Bodes experimentados da vida.

O tempo passou e as Hienas saíram do poder. Mas continuavam mandando.

Esse novo jeito de governar mudou muitas coisas: fizeram sanções, privatizaram Vales, saquearam a dispensa do formigueiro, que guardava as finanças do país -muitas famílias foram à miséria por causa disso.

Nos últimos anos as coisas melhoraram, por um lado, mas não por outro. Quando o Burro se candidatou à presidência o criticaram muito. Mas devido sua persistência conseguiu se eleger e, fazendo um bom trabalho, reeleger.

No inicio aquele instrumento que ele carrega na cabeça, o antolho, o privou de saber algumas coisas, mas, por fim, conseguiu reorganizar e causar diferença na vida de muitos animais, dos que o apoiaram e na dos do contra.

Ultimamente as coisas mudaram tanto, de forma espantosa, que na ultima eleição foram eleitos: uma Cobra, que levará para o ministério muitas Águias e Gaviões –acho que é por medo de ser comida por algum deles; e –o mais surpreendente– até um peixe foi eleito: o Peixe-palhaço. Este tem que tomar muito cuidado, pois, do peixe, o que importa é o rabo.

Se você conhece algum país assim, pode ser mera coincidência, ou não.