PARA EMILY - ONDE QUER QUE SE ENCONTRE...
Do meu inglês - the book is on the table - ou seja: ruim pra cacete! Que aprendi ouvindo reggae do Jimmy Cliff (No, woman no cry – Não chore, mulher) e só negão jamaicano do cabelo trançado à moda rastafari entende, traduzi o título desta crônica... Descaradamente surrupiado à música de Simon & Garfunkel – For Emily, whenever I may find her -, sucesso nas paradas dos anos 1970. Também ouvida por algum parente desta garota atenciosa, em bailinhos de estudantes? Ou alguém que gostasse de escutar a canção num disco de vinil, assim batizou a menina? A única certeza é que você – Emily - ao ver-me, com razão perguntou para si: “Não sendo hoje 13 de agosto, dia nacional do azar, de qual cemitério fugiu esta assombração?”
Pensando bem, a presente narrativa deveria ter-se iniciado com minha primeira ida à tal Lan House: que no meu idioma caribenho – antes de pôr os pés lá e ver que se tratava de um lugar cheio de computadores – eu traduzia por ‘Lanchonete’! Ora, Lan/lanche e House/casa... Porém a confusão começara mais cedo, e a fim de que isto não fique parecido com samba do crioulo doido, vou por partes, mas sem esquartejamentos!
É do conhecimento geral, inclusive como desculpa de crônicas aqui publicadas, meu despreparo, para não dizer desespero diante desta máquina maravilhosa chamada computador! Daí que, por cáustica sacanagem de duplo sentido, meu último apelido é ‘Vírus Imortal’. Se as invencionices escrevinhadas semanalmente, até aquela data chegaram aos meus onze leitores, foi porque a Hellen - secretária do jornal onde prieiro saem estes atropelos - apiedando-se do traste aqui remetia à redação, via disquete, as tais ‘obras primas’. Como só as pedras e eu permanecemos estáticos à beira do caminho, modernizaram a coisa por lá, de maneira que ao meu decrépito disquete não foi mais dado acesso no programa do jornal. Restou-me transferir a crônica de uma Lan House. Fui. Uma loirinha me atendeu. De cara percebi que nossos anjos da guarda não se bicavam! Alguns de vocês estarão me culpando, que tenho prevenção contra cabelos claros... Juro que não! Foi ela quem ficou me fazendo perguntas difíceis: quantos arquivos havia no disquete? Qual era o nome do ‘site’ a remeter? Ou não seria e-mail? Pirei o cabeção! Desse trem todo, eu sei quando muito que termina em ponto-com ou ponto-bê-erre. Caralho!
Depois de uma operação complicadíssima a “xuxinha” garantiu que ficara tudo nos trinques! Pra ela, né? Como estou no segundo tempo da vida uma soneca após o almoço nunca faz mal, contudo exagero. Tanto que em recente consulta (porque velhos e velhas adoram ir ao médico ouvir que não têm nada!), queixando-me de insônia o doutor mandou que eu abreviasse ou mesmo não fizesse as sestas. De noite ligaram da redação indagando o paradeiro da crônica. A danadinha da 'marylin' tirou sarro com a minha cara e ainda por cima não mandou nada pro jornal. Quis o destino então, que na tentativa de reenvio do texto eu fosse entrar na Lan House onde trabalha a Emily. Até àquelas desoras eu não conhecia a moça. A pobreza do meu vocabulário, quando se trata deste papo de computador, não deixou à prestativa atendente nenhuma dúvida: “O famoso E. T. de Varginha existe e veio para Bom Despacho, disfarçado de cronista!” Todavia, a morena Emily compadeceu-se deste abestado... Por gratidão, ao final, quis ensinar-lhe os versos da canção que tem seu nome. Deu curto! A débil memória falhou lamentavelmente! Pra remediar a situação lembrei de outra, e no meu inglês da Jamaica cantei pra ela: “Oh, Cecília! Voltei pra você, e ajoelhado aos seus pés imploro que perdoe os meus erros...” Velhos tempos! Bons Tempos!