Brasileiro e escritor, profissão esperança!

Brasileiro, profissão esperança! Quem nunca ouviu esta frase, acredito que só quem não é brasileiro.

Somos seres iluminados, pois nascemos em um país de tão poucas oportunidades e mesmo assim acreditamos nos nossos sonhos e lutamos por eles, mesmo quando tudo conspira para nossa derrota.

Bem, assim como todos os meus compatriotas, acredito no meu sonho e luto por ele, mesmo que a cada investida de minha parte, alguém venha por trás e puxe o tapete.

Devem estar se perguntando, quem sou? Afinal, quem é essa que fala em esperança e ao mesmo tempo usa um tom tão amargo, sou um dos muitos escritores que sonham em ver seu livro nas prateleiras das grandes livrarias, divulgado por uma boa editora, que um dia lhe deu a oportunidade de analisar seu trabalho.

Escrever no Brasil, é para muitos, basta que sonhe e tenha imaginação, mas lançar um livro é para poucos, porque brasileiros desconhecidos não são garantias de lucro, apesar do crescimento no mercado de leitores, as editoras ainda têm receio em apostar no novo, basta olhar os romances nas prateleiras das livrarias e veremos o grande interesse por versões de obras internacionais e reedições de autores nacionais.

Será que não há mais escritores capazes de se igualar aos grandes mestres do passado? Claro que há. Pois somos um povo que apesar de todas as pancadas que levamos não paramos nunca, estamos sempre buscando um atalho para atingirmos nossos objetivos, como por exemplo, uma produção literária independente.

Produzir um livro de maneira independente é estar disposto a encarar problemas desde a confecção, no que consiste participação da gráfica, obtenção de dados como o ISBN, montagem de capa, pouca verba de divulgação e também por não ter o apoio necessário das livrarias, que não tem interesse em apostar em um desconhecido.

Lançar um livro com o suporte de uma editora representa ter uma revisão correta, uma montagem de capa, uma divulgação bem feita, enfim recursos que só uma editora é capaz de oferecer.

Basta parar e pensar um pouco, se é possível um autor sozinho fazer todo o trabalho de uma editora? Claro que não, mas é preciso meter as caras.

E foi o que fiz, acreditei no meu sonho de ser de fato uma escritora, e produzi de forma independente meu livro, sabendo que ele possui falhas, mas que tem como função abrir portas, e mostrar que não devemos desistir daquilo que acreditamos.

A produção independente literária precisa ganhar fôlego, os autores independentes precisam mostrar seus trabalhos, tropeçando nos erros, mas sem se deixar cair para enfim atingir os seus objetivos, ou seja, uma editora.

No Brasil, cultura é algo para poucos, existe um grande interesse por parte dos nossos líderes em um povo ignorante, por ser de fácil manipulação, mas não é por isso que devemos nos calar e parar diante das dificuldades.

Hoje, apesar de um livro lançado, ainda luto por uma editora e por espaço nas livrarias, mas não pretendo desistir e nem me calar, pois é escrevendo que poderei mostrar do que sou capaz e assim como tantos outros mereço meu lugar ao sol.

Carina Ramalho

CARINA RAMALHO
Enviado por CARINA RAMALHO em 16/10/2006
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