A VISITA DO BEIJA FLOR

Hoje pela manhã cedinho, um beija flor lindo, encontrou a porta aberta, e não se fez de rogado. Entrou na sala de televisão aqui em casa, e pousou no braço do sofá.

Ao lado tenho uma mesa com muitos vasos de orquídeas, e ele curioso voou por sobre cada flor de cada vaso.

Nem se importou com minha presença na sala, sentada no sofá. Depois da inspeção sobre as flores, voltou a pousar no braço de uma poltrona, e lá ficou como a me olhar, cismado, como fosse eu a invadir o seu espaço e não ele o meu.

Quando quis, voou porta à fora, e ganhou o jardim. As cachorras nem se importaram com o ilustre visitante, já que é comum os pardais viverem entrando na sala em busca de algo para comer. Sempre deixo ali uma vasilha com alpiste. Eles logo se acostumaram e as cachorras também com eles.

Maravilha deve ser ter asas e poder voar !

Judiação aprisionar essas aves, que adoram cruzar os espaços em liberdade.

A liberdade é algo precioso, nós a queremos, lutamos por ela.

Sempre que vou visitar o filho em Nova Iorque, passeio no Central Parque, e encontro lá os pardais, e fico a imaginar, se algum deles, já esteve em minha sala de tv, a comer o alpiste que lá coloco ?

Sei, que eles conseguem migrar por lugares distantes, em busca de temperaturas mais amenas.

Nunca vou esquecer de uma lição que recebi de meu avô. Certo dia um lindo canário surgiu na varanda de nossa casa, pousou por sobre um banco que lá havia, e de lá não saia.

Meu avô, intrigado, chegou mais perto, e imóvel o pássaro continuou.

Logo percebeu ele, que o canário estava machucado. Pegou-o com todo cuidado, e o tratou por dias e dias, colocando-o em uma gaiola que emprestou de meu tio, seu cunhado.

Um belo dia o passarinho, acordou bem disposto. Estava curado, havia ganhado resistência para alçar voo.

Meu tio, logo pediu ao meu avô, que lhe desse o canário, pois era de uma espécie rara. E ele tinha muitos pássaros aprisionados em gaiolas, pelo prazer de ouvi-los cantar toda manhã. Nunca parando para pensar quanto sofrimento causava a eles.

Meu avô, com gentileza mais firmeza disse: não, não. Ele irá voar, cumprir seu destino. Nasceu com asas, e vai seguir o caminho que desejar !

E, com uma doçura própria dele, que foi um dos homens mais gentis que conheci, abriu a portinha da gaiola, e o convidou a partir.

O canário feliz, voou. Mas se deteve em um galho do frondoso abacateiro que tinhamos no quintal, e enchendo o peito, cantou, um canto que para mim, quis dizer:

" muito obrigado, gentil senhor. Por de mim cuidar com carinho e amor."

E se foi em liberdade.

Creio que com todos a nossa volta, assim devíamos agir, como fez meu bondoso avó Totó. Ajudar, cuidar, zelar, quando alguém precisa de nossos cuidados. Depois, deixar ir em liberdade.

Lenapena
Enviado por Lenapena em 09/12/2010
Reeditado em 10/12/2010
Código do texto: T2661960