Presente de Natal (EC)

Na festa de confraternização de Natal as colegas que chegaram antes à Galeteria conversavam sobre a escolha dos presentes, o grande movimento comercial no centro da cidade e em todas as lojas. Chegaram à conclusão que os grandes presentes não se compram. São coisas como uma blusa de tricô feito pela avó, uma carta de alguém que mora no Japão, o almoço que reuniu os cento e cinquenta familiares do clã italiano do qual se faz parte.

Uma falou emocionada que seu maior presente tinha sido o nascimento da filha, Natalia, que nasceu bem no dia de Natal de 2000. Contou tudo o que aconteceu nesse dia com riqueza de detalhes, até como foi o trajeto no táxi para a maternidade. Como acontece quando há várias mães reunidas todas falaram entusiasticamente das diversas peripécias dos maiores “presentes” que a vida lhes deu.

Já a Primeira Mãe, apelido que recebeu porque o filho adolescente passou no primeiro lugar em dois concursos para ingresso nas melhores escolas da cidade, enalteceu o esforço e disciplina do menino. Outra falou de sua sobrinha Manuela, que é um prodígio com as letras desde os nove meses, sem exagero, é claro. Quem não tinha filho, filha, nem sobrinhos, falou dos cães.

Foi assim que ficamos sabendo que as cordas vocais de Matheus foram operadas para evitar que ele fique latindo a cada vez que alguém abra a porta do prédio ou passe no corredor. Jade é a cadela branca que come alface e não suporta calor. Seu irmão Shazam, de outra raça, era bom de boca quando filhote, mas agora aos quatro anos é um chato para comer, preocupação corrente a todas as mães.

Sem filhos, sobrinhos ou cães, chegou nossa vez. Ana falou de Jonnhy – Deep, é claro-, que lhe faz companhia nas noites de sábado quando sua mãe viúva sai para namorar. Inicialmente quando as amigas telefonavam para convidar ao cinema, ela dava uma desculpa: “Tenho que fazer companhia ao Jonnhy”. Ao que as amigas perguntavam: “Mas quem é Jonnhy?”. “Vocês não conhecem? É o meu gatão.” Até que as amigas resolveram fazer um passeio na casa de Ana e conheceram o ronronar do gato vira-lata amarelo.

Eu falei do Tom, de como era querido, como a sua doença foi fulminante e da sabedoria dos animais. Também falei da Guria, a gatinha branca (foto) que toma água na minha mão, abre a torneira da pia do banheiro, o que me leva a manter aquela porta sempre fechada, acende a luz e usa protetor solar nas orelhas, fator sessenta, para evitar câncer de pele.

Depois que todas falaram, olharam para Rita a espera, quem sabe, da peraltice de algum animalzinho de estimação. Foi quando esta se saiu assim: “Ah, eu tenho um pinguim em cima da geladeira”. As demais perguntaram: “Mas o que ele apronta?”. “Vive caindo de cima da geladeira. Bem que eu queria jogar fora, mas sabe como é que é presente de Natal dado por parente, a gente tem que ter uma boa desculpa para se livrar, mas ele não quebra. É de papel machê.”

 

Este texto faz parte do Exercício Criativo
- Presente de Natal (EC)

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meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 10/12/2010
Reeditado em 18/01/2011
Código do texto: T2663890
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