SOLUÇÃO?

O telefone alivia a saudade e ao ser atendido.

- Alô, alô, alô... Eu não tô escutando. Alô, alô, alô. Fale mais alto.

- Alô, alô, alô... É Beltrano, tá me escutando, alô, alô, alô...

- É Beltrano? Essas tranqueiras modernas, até hoje não consigo usar direito, tá me escutando?

- Melhorou, e muito. Me diga como é que estão as coisas ai?

- Tudo bem! Agora, melhor ainda.

- A mãe ficava muito preocupada com essa situação. Esses bandidos!

- Diga a ela que fique despreocupada. Botaram pra correr os traficantes. Vocês precisavam ver, correram feito rato pelos matos. Era policia, exercito e até tanque de guerra da marinha usaram. Agora tá uma tranquilidade que só vendo. Fugiram pelos esgotos.

- Você faz muita falta aqui!

- E a saudade bate forte no peito.

- Vem embora então.

- Correr nos campos ouvindo o canto dos pássaros, pescando, nadando. O saudade que me da. Um dia volto. Mas me diga como esta mãe?

- Numa tristeza, só. Desde o dia que nós vimos o tanto de traficante fugindo dai.

- Pois diga a ela que fugiram.

- Mas esse é problema.

- Como assim? Avisa pra ela que fugiram, vocês não assistiram televisão? Fugiram! Uns duzentos. Acabou, agora é sossego!

- Ela mandou fechar todas as janelas com tabuas, e não sai mais sozinha nem pra jogar milho pra galinhas, vive olhando pelas frestas se algum estranho se aproxima.

- Eles não foram para aí.

- É! Foram para onde?

- Ninguém sabe!

- Esse é o problema.

- Até quando?

- Na dúvida é melhor deixá-la trancar as portas. Na roça agente acaba com as pragas ao invés de afugentá-las. Vai que elas vão para o vizinho, só tem gente boa!

10/12/10