SE EU PUDESSE DAR PALPITES

 
Dona Amélia é o tipo de pessoa inconveniente. Diz sempre o que pensa e é dada a dar conselhos, mesmo quando não solicitados.
Na casa da nora, se mete com a arrumação dos mó-veis, com a empregada, com a educação das crianças e com o gato, além de dar palpites na comida que o filho dela deveria comer.
Ela se sente a pessoa mais sábia da paróquia e sempre diz: Se Deus tivesse me chamado, quando foi fazer o ser humano, eu aposto que Ele teria feito uma obra muito mais perfeita. Eu daria a Ele algumas sugestões, como por exemplo botar um olho na parte traseira da cabeça, fazer o couro cabeludo ser dotado de cola para os pobres dos homens não ficarem carecas, dar a todos barriga sarada, fazer todos gentis, porém más-culos e todos com os músculos duros até o fim da vida.
Para as mulheres eu daria ainda algumas opiniões de grande importância, como por exemplo: unhas duras para sempre, de preferência já pintadas, cabelos que nunca ficassem brancos, a capacidade de botar ovos e chocá-los quando quisessem ter um bebê, os pés já dotados de saltos altos para a elegância de todas nós, nada de menstruação, cólicas e zero de celulite. Ah...mais uma coisinha: uma luz de freio. Não precisava ser uma luz escandalosa, bem na bunda. Isso ainda ia chamar mais atenção para esse pedaço do corpo tão apreciado pelos homens. Seria uma luz discreta, que piscasse a cada vez que a mulher parasse. Vocês já notaram o que acontece quando uma mulher, indo para o trabalho a 100 quilômetros por hora, vê uma vitrine de sapatos onde está escrito
“ liquidação”? Ela para abruptamente e, não tendo luz de freio, é atropelada por quem vem atrás.
Deus quis fazer tudo sozinho. Tudo bem, ele é quem manda. Mas se eu tivesse dado uma ajudazinha, a vida seria bem mais fácil.

 
edina bravo
Enviado por edina bravo em 13/12/2010
Reeditado em 07/02/2014
Código do texto: T2669660
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