JOGOS DE INFÂNCIA – 31, Alerta!

Na minha infância a maioria das ruas do bairro em que eu morava não tinha calçamento. Apenas a via principal, por onde passavam os ônibus, havia calçamento de paralelepípedos e nós brincávamos de 31, Alerta!

Esse jogo se faz com o maior número possível de participantes. A grande dificuldade está em determinar quem será o primeiro “pega”.

Geralmente por sorteio de “par ou impar”; “zerinho ou um” ou usando uma das parlendas herdadas dos nossos ancestrais. O último será o pega.

As parlendas utilizadas definem “o pega” atribuindo-se uma palavra a cada um dos jogadores – uma, duna, tena, catena, bico de pena, estava o velhinho no seu cavalinho, veio o cadinho, cadinho, cadinho, cadinho, cadão, conte bem que vinte são.

Outra muito utilizada era – minha mãe mandou dizer que eu escolhesse esse daqui, mas como eu sou teimoso escolho esse daqui.

Ou então a hilariante – panelinha foi ao mar, a maré encheu, vazou, texto panela bolofêdô, na tripa da ema que ti cagou.

Sorteado “o pega” a criançada corria para se esconder enquanto o sorteado, com a face voltada para a parede e com os olhos tapados com as mãos, eternamente sujas, contava aos berros 1, 2, 3, ... 30, 31. Alerta!

Na medida em que ia visualizando os jogadores, “o pega” corria para a mancha e gritava, batida fulano!

O próximo "pega" será o primeiro da turma a ser encontrado, mas podia ocorrer de um dos jogadores, sem ser visto pelo “pega” da vez, correr para bater na mancha e gritar – salve todos!

Nesse caso o “pega” será o mesmo e a brincadeira continua até que as reclamações, gritadas aos berros por todos de uma só vez, degringole em dispersão e promessas de nunca mais brincar – se fulano estiver na brincadeira.

Para alegria geral, essa promessa com requintes de ameaça, nunca era cumprida.

(continua em Academia)