sem óculos

Frei Betto andou na escola, não são os óculos dele a olhar a realidade que ele vê...

Hoje a minha "crônica" começa num texto recebido e lido com carinho, idêntico àquele com que me foi enviado. Fica bem esta palavra aqui, carinho, onde o tenho sentido dando sentido ao ainda andar por aqui...

Ando dum modo estranho confesso, mesmo se professo a confissão para processar o excesso de palavras que surgem quando pensamos escrever ou não pensamos, deixem cá ver como vou escrever sobre isto? Tirem uma conclusão lendo o que se segue, escrevi ontem à noite:

A realidade é uma ficção, não esqueças isso, para o caso de te apetecer responder. Fazendo o mesmo que eu, escrever respondendo a uma leitura.

Gosto de imaginar tudo, até que imagino. A última e mais intrigante das minhas imaginações foi, imaginar que não existo. Duma simplicidade assustadora, somos uma “lei da natureza” em que nos criamos, quase tudo é convenção.

Fique pois assente que o narrador não existe e é o espirito santo, depois de ler a poesia de alberto caeiro que, arrancando uma das penas da cauda, escreve sobre um vidro, tentando olhar lá para fora...

Qual Caeiro, perguntaram dando nome a um nome? O Caeiro heterónimo pessoano, meu mano neste mundo de enganos! Até consegui, não me reconheço escrevendo estas tretas.

Volto pois à tua leitura de narrador inexistente, onde vamos passar a existir nesta necessidade de fé pedida pela compreensão do texto: esta escrita é uma leitura, uma espécie de sagrada escritura, sobre um autor que usa a imaginação que tem.

Acompanhei-te primeiro mudando de casa, agora tendo uma insónia? Deixo que o teu corpo se cole ao meu, o ar condicionado ou o clima ideal duma praia algures.

Beijos, estou farto de escrever.

A(s) crônica(s)... continua, crónica como a vida!

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 22/06/2005
Código do texto: T26764