A AMANTE

Socorro! Doutor, o senhor tem que me ouvir, pra poder me ajudar! Meu marido tem uma amante, que sempre atrapalhou nosso relacionamento. Desde os primeiros tempos de casada, ainda me lembro, grávida do primeiro filho, ele já me trocava pela outra, quase todas as noites! Mesmo quando me procurava na cama, seu pensamento parecia não se desligar daquela maldita, pois logo que tudo acabava, lá ia ele pros braços dela! São anos e anos nessa situação, não tenho quase a companhia dele à noite, para aquele aconchego de marido e mulher, para aquela conversinha íntima e gostosa que os casais têm, dentro da alcova. Só consigo tal proeza se reclamo alto e em bom som, alegando meus direitos e forçando toda uma situação! Ele, então, atende sem muita vontade e nenhuma convicção. Não sinto nele a disposição de melhorar, nesse sentido pra enriquecer nosso relacionamento. Faz minha vontade, uma, duas vezes, pra logo depois cair denovo naquela tentação maldita. Com tal comportamento, acaba não tendo tempo nem pra dialogar comigo ou com os filhos, ou pra uma boa leitura, já que a bandida o rouba de todos nós, sem dó, nem piedade. Não suporto mais tudo isso, estou me sentindo muito solitária e sei que nossos filhos estão um tanto órfãos de pai, por que o dito cujo está sempre ao lado, ou melhor diante da amante dele, entregando-se de corpo e alma à desgraçada, concedendo-lhe toda a atenção, só tendo olhos e ouvidos para ela. Às vezes, tenho vontade de bater nela por causa disso, mas me seguro e com isso engulo a raiva, sofrendo muito. São anos com a sombra (ou melhor, a luz) dessa inimiga, que tanto mal nos vem causando. Eu sei quem ela é e sei o seu nome. Nossos filhos a conhecem também. Ela é uma ameaça a minha felicidade e enfeitiçou totalmente a cabeça de meu marido, doutor.

Não aguento mais! Estou farta! Vou dizer o nome da safada:

T E L E V I S Ã O.

Martha Cohen
Enviado por Martha Cohen em 19/12/2010
Reeditado em 20/12/2010
Código do texto: T2680955
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