Biquínis, unhas e extintores...

Outro dia, na Avenida Paulista, uma amiga com quem eu acabara de almoçar apontou uma garota que passou por ela e disse:

- Nossa! Será que essa aí não tem espelho em casa não?

A “essa aí” a que ela se referia usava uma blusa que deixava a barriguinha de fora. Barriguinha não. Sem eufemismos. Na verdade era algo grande, transbordante, para fora da calça, como um muffin com um umbigo em forma de botão de elevador. Mas mesmo que o umbigo desse muffin não parecesse com algo escrito “sobe” e fosse só uma minicaverninha, a imagem não era muito agradável de ser vista. Isso é fato. Ganharia o veredito “errado” naquelas seções de fim de revista que apontam como as mulheres estão vestidas.

Barriga é algo muito simples: pele e umbigo. Só. E, mesmo assim, muitas mulheres não acionam o “semancol” e usam as tais blusinhas que mostram o que não é tão bonito assim de ser visto. E outras garotas, como essa minha amiga, acabam notando que não ficou legal.

Mas existe uma parte do corpo mais complexa e que as garotas, até as mais críticas, não percebem o quanto interfere na beleza feminina: os pés!

Pés são partes complicadas do corpo, pois cada um tem cinco dedos em tamanhos e formatos diferentes. Alguns maiores do que outros. E em algumas mulheres os que são maiores não deveriam ser os maiores. Até dizem que a mulher que tem o dedo indicador do pé (sei lá se tem um nome específico para ele) maior que o dedão costuma mandar no marido. Em mim não, porque uma mulher com um pé assim tem beeeem menos chances comigo. Na verdade, já saí com garotas bonitas e que, quando vi o pé, o encanto passou. Adoro pés femininos! Mesmo! Mas precisam ser bonitos, bem feitos, bem cuidados, anatomicamente moldados por Deus! Sou quase um podólatra.

Mas continuando... São cinco dedos, cada dedo tem uma unha, e cada unha tem um formato. Uma vez vi uma unha que era pequena, redonda, ficava bem no meio do dedão; parecia uma ilha perdida no meio do Pacífico. E o dedão ainda reluzia. Sei lá, me deu uma má impressão. E o pior é que não consigo disfarçar. Incomoda-me a ponto de me hipnotizar. Fico olhando, me martirizando, tentando expiar os meus pecados.

Entretanto não é só o formato dos dedos e das unhas que determinam a beleza de um pé, mas também o distanciamento entre um dedo e outro. Tenho uma amiga com um pé que não tenho coragem de olhar. O dedão e o segundo dedo (o tal indicador do pé!) são beeeem separados, como um golfo. Se alguém dissesse que ela chutou um extintor de incêndio, que isso separou os dedos e que o pé nunca voltou ao normal eu acreditaria.

Isto posto, sendo pés partes mais detalhadas do corpo humano, a probabilidade de um pé ser bonito é muito menor do que uma barriga. Mas é aí que mora o problema. As mulheres acham bonitinhas as sandálias rasteirinhas nas vitrines das lojas e se esquecem que os pés delas vão dentro. Se um pé é bonito, mas bonito mesmo, aí tudo bem, pode mostrar à vontade. Ganha até elogio meu (“como se isso valesse muito”, vocês devem estar pensando, né?). Caso contrário, calce um belo scarpin.

Minha conclusão: rasteirinhas são equivalentes a biquínis, enquanto sapatilhas, scarpins e tênis correspondem a maiôs. Olhe bem para o seu pé e avalie se você vai sair na rua de biquíni ou se o semancol te manda colocar um sobretudo.

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