PRECIOSOS

Pessoas entram e saem de nossas vidas, assim como eu que a muitas décadas fui gerado por uma e agora a vi partir, deixa saudades e um ensinamento que faz brotar tomateiros a esmo pelo quintal.

lembro-me que seguia rumo ao mercado e encontrava pelo caminho o caminhão de lixo. Velo incomodava-me ao sentir o mau cheiro que inundava. Era um martírio aquele nicho de bacterias, aproximar-me dava-me asco.

Sentia-me pesado, com minha consciência que praguejava, em silencio, a existência nefasta, barulhenta, enfadonha e tantos outros adjetivos que se avolumavam em minha boca. Fazer o que? Trabalhadores desempenhavam a lúgubre missão de recolher os pacotes deixados por, desprezo a seu conteúdo, em local próprio para sua coleta, impropria, para um aterro sanitário ou melhor “enterro”.

Plásticos, metais, vidros, aço, papeis, minerais preciosos enterrados, abandonados e gerando poluição. Justo eles que foram outrora embalagens de alimentos, materiais, medicamentos ou perfumes com aromas inimagináveis. E dos metais então não se pode limitar a imaginação, pois hoje em dia são mantenedores da própria vida em órteses, próteses ou um simples mantenedores do equilíbrio e da liberdade no ir e vir de portadores de deficientes físicos.

Lixo! tratamento igual seria motivo de discórdia, mas a sabedoria livrou-me da presença, em minha porta, desse nefasto caminhão de “lixo”. As sobras orgânicas são usadas para nutri, adubando e alimentando a micro população de organismo que mantem viva a terra, entre essas cascas e restos de toda sorte de alimentos estão sementes e hoje brotam tomates. E todo o resto de embalagens, metais, vidros, papeis e outros são valorizados e reciclados. Dar e receber vida. Uma questão simbiótica. 28/12/10