Um museu para corações partidos

Se você teve seu coração quebrado e, agora, só pensa em quebrar tudo ao redor, principalmente os presentes dados por seu (a) ex, calma. É possível que tal objeto que marcou algum momento de sua relação passada tenha sua próxima morada no Museum of Broken Relationships que, se não fosse situado em Zagreb, Croácia, ousaria dizer que sua localização seria lá na Boulevard of Broken Dreams, aquela cantada por Tony Bennett. Nada mais seria tão pertinente.

Mas, supondo que você não seja tão violento: convenhamos, é uma tarefa árdua se desfazer desses mimos, não é? Eu mesmo ganhei de minha ex-namorada o raríssimo “Cartas a Nora Bernacle”, do James Joyce, e tive que tocar fogo. Não sabia se chorava pela obra ou pela garota. Era um choro duplo. Porém, felizmente, há gente mais criativa que eu ou você nesse mundo. Um exemplo disso são os croatas, e ex-namorados, Olinka Vistina e Drazen Grubisic que, em 2006, romperam e deram-se por conta de quão incômoda era toda aquela tralha que sobrara dos dias de glória e, como bons artistas que são, decidiram criar um museu com ela, agregando também itens doados. Deu certo. O museu percorreu o mundo até assentar-se no país de origem do ex-casal tornando-se o primeiro museu privado daquele país e sendo, hoje, até ponto turístico.

A princípio, claro, a idéia parece bizarra, mas, refletindo mais um pouco, ela é genial, pois nos mostra um sintoma de uma nova era, onde nem todos museus são mais apenas para ícones, mas também para cidadãos comuns, com toda sua riqueza prosaica. Ao observar o melancólico barquinho que certamente fora dado numa ocasião especial, talvez numa marina, regada a beijos e champanhe, nos identificamos: sabemos que, em outro lugar, numa outra época, nós sentimos exatamente a mesma coisa e que, ao final, nossa tragédia foi exatamente igual. O Museum of Broken Relationships trata-se, antes de qualquer coisa, de um museu de espelhos.

Mas bizarros mesmo são alguns itens do seu acervo que destoam dos tradicionais Teddy bears, das fotografias, dos relógios e das algemas cor-de-rosa. Há lá, por exemplo, um machado, um par de roupas de baixo comestíveis e até a parte inferior de uma perna mecânica que teria sido um presente dado por uma enfermeira a seu ex-namorado. Portanto, tendo em face esse último ítem, se pensa em doar algo inusitado, fique tranqüilo, eles não devem investigar a procedência do objeto.

http://new.brokenships.com/en

Otto M
Enviado por Otto M em 31/12/2010
Reeditado em 01/01/2011
Código do texto: T2700990
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