HIGIENE OU FRICOTE?

Está na cara que copo descartável é aquele que se usa e se descarta, joga no lixo. É evidente que num bebedouro gelágua a gente tem certeza que aquela água do botijão é mineral. Acontece que nem tudo que parece é. Somos lesados a todo instante.

Morro de rir ao lembrar de um determinado quadro embora a situação fosse para chorar. Tem pessoas que são cheias de fricotes. Higiênicas até demais. Pessoas assim sofrem e perdem certos prazeres da vida. Presenciei o sacrifício de uma dondoca que estava para morrer de sede, língua seca, lábios brancos, sem um pingo de saliva na boca, mas não se submetia a beber água em copo americano sem saber a procedência da água. Finalmente encontra um local mais ou menos apresentável e perguntou:

- Vocês vendem água mineral?

A resposta afirmativa foi um alívio. Como uma mulher de classe não bebe na boca da garrafa, lá vai a segunda pergunta:

- Vocês têm copo descartável?

- Temos sim senhora.

A resposta agradou novamente. A senhora bebeu um copo, dois até secar a garrafa. Enquanto pagava a conta observou que o balconista com uma mão recolhia a garrafa e o copo e com a outra enxugava o balcão com uma flanela velha e mofada. A garrafa jogou no lixeiro e o copo colocou emborcado numa bandeja de plástico para ser reutilizado. Precisava ver a cara de nojo da mulher ao imaginar que tinha bebido água num copo já usado sabe-se lá por quem. Também quem não mandou ela amassar o copo para evitar ser novamente usado? Se todo mundo fizesse isso não haveria a possibilidade do copo descartável passar a ser copo reutilizado.

Bom, mais engraçado mesmo foi quando em outra ocasião certa senhora no mesmo estilo da anterior adentrou em determinado lugar e submeteu -se a ingerir o líquido para matar sua sede porque se tratava de água mineral – gelágua. Ao ingerir o terceiro gole percebeu que água estava com gosto diferente. Indagando a marca do líquido incolor teve a surpresa de saber que se tratava da água da caixa que foi acondicionado no recipiente. Pode uma coisa dessas?

E a outra que só comia o milho verde trazido pelo Medeiros. Aquele que se comprava na rua do menino que gritava olha o milho, verdinho, quentinho, Deus me livre de consumir, dizia ela. Ninguém sabe a procedência da água que ele foi cozido, nem da bacia e nem daquelas mãos que o manuseiam. A decepção foi quando os colegas a comunicaram ironicamente que os milhos trazidos por Medeiros não eram cozidos em sua casa, ele comprava exatamente do menino da rua.

É meu irmão, nem tudo que reluz é ouro. Fique atento para não comprar gato por lebre. Mas também não é preciso exagerar, higiene é uma coisa, fricote é outra, viu?

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 31/12/2010
Reeditado em 20/04/2020
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