Professor Canoa

Queria que a educação fosse como o rio, que suas nascentes o alimentassem com muito volume de moral, ética e ganhasse dos afluentes as virtudes que dignificam o homem em sua convivência, que independente dos obstáculos, a água fluísse em direção ao mar da sabedoria e da autonomia e quem sabe da cidadania.

Queria que o educador fosse uma canoa, que ao levar o educando pelo rio da sabedoria soubesse desviar dos entulhos, da falta de compromisso, das pedras da antipatia e da mesmice, e principalmente dos bancos de areia que são os pragmáticos conteúdos que na formação de lagos a beira das margens estaciona as águas que sabemos que não chegarão ao mar. Esses lagos; as responsabilidades, as burocracias, as avaliações classificatórias, são perdas de tempo.

Porque "Navegar é preciso", diz o poeta, precisão matemática, estudo dos ventos, mas qual é a principal importância da geografia senão explicar, para que lado esta o mar, mas é preciso navegar porque o mar nos espera e toda sua infinita imensidão, que somente o aluno autodidata o saberá navegá-lo .

Queria ser um canoeiro experiente que conhece as curvas do rio, nunca enrosca ou náufraga, queria muito poder ensinar a arte de navegar a todos. E que todos vissem em mim a possibilidade de alcançar o mar.

Mas hoje não consigo sequer, explicar o que um professor tem a dizer ao aluno, professor este que não enxerga senão aquilo que esta escrito nas apostilas ou nos seus conteúdos cansavelmente estudado e praticado ao longo de sua vida acadêmica.

Queria não surpreendê-lo quando pedisse que falasse sobre a vida, e queria não ouvir dele que este conteúdo ele não preparou previamente e, portanto não pode oferecê-lo ao seu aluno.

Queria que meus professores fossem canoas, mesmo se às vezes, eles não se sentissem navegando no rio.