FELIZ ANO NOVO!SEJAMOS ARTESÃOS DO 8º DIA

         À meia noite de cada dia trinta e um de dezembro, nos diferentes fusos horários, um pequeno “grão de poeira suspenso num raio de sol”, como o astrônomo Carl Sagan descreveu o nosso planeta Terra, resplandece ainda mais, quebrando o silêncio cósmico para saudar, entre festejos e fogos de artifícios, a chegada de mais um novo ano, o inicio de mais uma odisseia terrestre ao redor do sol, começo de mais um capítulo da vida de cada um de nós dentro do livro do tempo.

         E se pudéssemos, além de ouvirmos e vermos os fogos colorindo o céu, ouvir cada coração, visualizar cada pensamento em prece, cintilaria ainda mais o “nosso oásis” e “refúgio cósmico”, visão da Terra do astrofísico vietnamita Trinh Xuan Thuan, pois são igualmente de luz os sentimentos emanados de cada ser humano. Não há quem não projete sonhos tecidos de esperança e fé nas páginas futuras que anseiam serem escritas por historias felizes e por que não prodigiosas. Sim, este novo ano pode assemelhar-se a uma espécie de livro artesanal em que cada um, com as próprias mãos, e a sua maneira, escreverá seus registros de cada dia, e por isso singular, especial e único. Somos assim uma espécie de artesão na tessitura do tempo de nossas vidas. Antonine Maillet, poetisa e romancista canadense disse: “Escrevo para acrescentar à criação o oitavo dia”. Esplêndida ideia! Refletindo sobre os pensamentos de tal escritora, Hubert Reeves, astrofísico, humanista e ensaísta canadense, escreveu um capítulo em sua obra Malicorne intitulado “O artesão do oitavo dia” no qual afirma que a atividade artística representa a evolução cósmica, pois muitos artistas, diante de dificuldades quase intransponíveis, como doenças sem cura e até mesmo a loucura, foram capazes de persistirem em seus ideais e presentearem não somente suas vidas, mas o mundo, com tesouros extraordinários: Beethoven, Van Gogh,  Antonio de Lisboa (O Aleijadinho) e Cândido Portinari, são grandes exemplos.

        Sejamos, estão, neste novo ano, artesãos do oitavo dia. Dia este invisível aos nossos olhos, inacessível no calendário, mas que existe para todos os que acreditam, persistem e lutam com bravura por cada um de seus sonhos e contribuem para o sonho de paz do mundo, indo além das perspectivas cotidianas. Que a exemplo de nosso Pai Celeste, possamos dizer a cada ação, pensamento e palavras: Fiat Lux! (Faça-se a luz!), e também ser criadores, tecedores de um mundo melhor e assim também sejamos luz para nós e  para todos que habitam conosco o nosso “pálido ponto azul” iluminado por um raio de sol. Um Ano Novo de paz, amor e luz!!


Imagem: wikipedia