De pé, antes do fim da contagem...

Senti algo entrar pelas narinas e espetar meu cérebro feito uma agulha. Olhei para o lado e vi a mesa dos juízes, o gongo e a garota de biquini desfilando com uma plaqueta. Logo à frente estava meu adversário, notadamente mais forte, mais jovem e menos castigado que eu.

No meu córner o treinador levantava meu queixo e posicionava o frasco de amoníaco para que eu cheirasse novamente e pudesse respirar sem desamaiar.

Ele pegava em minhas luvas e sacudia para cima e para baixo, enquanto meu raciocínio voltava aos poucos. Alguns companheiros abanavam toalhas ao meu lado, e agora, com auxílio de um cotonete, enchia o corte profundo de meu supercílio com vaselina para estancar o sangramento.

Colocavam água em minha boca e mandavam não engolir. Eu cuspia em um recipiente que se enchia daquela água, totalmente ruborizada pelo sangue que minava de minhas gengivas.

Agora sim eu conseguia pensar, lembrei de ter sido acertado no queixo e caído. Acho que bati com a cabeça no chão devido à queda. Na contagem de 10, consegui levantar no 8. Defendi dois golpes e o gongo soou.

Agora estou aqui, preparado para voltar. Tenho que me esquivar do cruzado e contra-atacar com um direto de esquerda e um gancho de direita.

De cá gritam "força campeão!". De lá xingam e maldizem: "vai cair!". Tenho fé que vou reverter essa situação. Vou seguir e nocautear. O gongo soou...2011, lá vou eu.

BORGHA
Enviado por BORGHA em 04/01/2011
Código do texto: T2708846
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