O nome

Meu pai contava com o maior orgulho, sobre meu nascimento. Como isso já faz muito tempo, de alguns detalhes esqueci.

Dizia ele, se lembro bem, que foi em uma segunda-feira, 30 minutos após o meio-dia, em 07/05/1945. Contava que poucos minutos depois, começaram a badalar os sinos das igrejas, puseram-se a tocar os apitos de todas as fábricas que havia na vila de Araricá, bem como de todas as cidades e vilarejos das redondezas. Por toda parte, começou também um frenético espocar de foguetes. Fora anunciado o fim da 2ª Guerra Mundial. No dia seguinte, foi assinado o Armistício.

Naquela época, as fábricas possuíam apitos, mais tarde substituídos por sirenes, para avisar o horário de início e final do trabalho, bem como o da merenda. Havia intervalo para merenda, pois o turno de trabalho, era bem mais extenso que atualmente. Também costumavam tocá-los quando se fazia necessário alertar os moradores, por algum acontecimento fora da rotina do lugar, bem como, para festejar a virada de ano. Dava-se o mesmo com relação aos sinos das igrejas.

Meu nome não seria o que tenho. Porém, o escrivão que fez o registro do meu nascimento, não admitiu que não colocassem Vitória. Assim, para evitar que meu nome ficasse muito longo, meu pai concordou em retirar Sabina, nome de minha mãe.

Lerinha? Minha mãe contava que havia na vila em que nasci, uma pessoa com esse nome. Eu achava esquisito. Já adolescente, balconista de uma loja, descobri quem era a inspiradora de meu nome, tão peculiar. Minha mãe apontou-a para mim, quando ela atravessava uma rua. Uma bela morena, alta, acho que mais nova que minha mãe. Era cliente da loja. Seu nome? Maria Líria, apelido familiar LIRINHA. (20/10/06)