Isto ou aquilo?
Salvo por breves momentos, percebo que muitas pessoas ao meu redor não se sentem realmente à vontade, ou em paz.
Parecem estar envolvidas num contínuo querer e sempre necessitando de mais isto ou aquilo para preencherem um vazio que não sabem explicar.
Uma ilusão que oferece uma breve imagem de satisfação... Uma busca intensa que existe nos bastidores do querer e da carência de muitos humanos.
Tentam agarrar-se a qualquer coisa para adicionar ao eu, acreditando que o ‘ter’ é que acrescenta à sua imagem.
Assim, alguns se identificam com a casa, outros com o carro e assim por diante... De um modo muito sutil, sentem que esses bens são suas extensões.
No fundo, no fundo... têm consciência de que o carro, a casa e tantas outras coisas tornaram-se objetos mentais e foram utilizados para reforçar a deficiência de seus sentidos.
Por um tempo relativo parece funcionar. Sentem-me mais poderosos quando entram num carro luxuoso, por exemplo. Contudo, passando a fase da novidade o vazio ressurge.
Chegam a suas casas, olham com certo desdém para o veículo que não lhe parece mais tão precioso e a sensação de realização novamente escapa-lhes das mãos. Partem para a próxima busca: isto ou aquilo?
Triste mesmo... é constatar que não são poucas, as crianças que seguem o mesmo caminho.