PAI E FILHO NO BANHEIRO DO AEROPORTO

Uma hora da manhã, aeroporto quase vazio, apenas algumas filas para viagem internacional,um passageiro solitário vagueia pelos corredores, arrastando suas bagagens pelo imenso corredor. Os pés doem, e vai batendo aquele sono e a vontade de chegar em casa logo. Sem falar na incerteza se haverá lugar no vôo. Olha em volta e as caras que vê denunciam que outras pessoas também não estão lá muito confortáveis. Longe de consolar, isto só lhe aumenta as dúvidas se este dia sem fim será prolongado.

Não se sabe se foi o relógio interno ou o despertador do celular que soou, mas a lembrança de precisar tomar um remédio com hora marcada o leva até o banheiro masculino. Vai em busca de água pela qual não seja obrigado a pagar, pois a estadia de um dia inteiro fazendo “refeições” em lanchonetes do aeroporto mostraram-lhe o quão caro pode ser tentar manter-se alimentado num local desses.

Ao chegar ao banheiro, procura uma pia, e logo na entrada o aviso de “intruso” é acionado. Vê-se subitamente invadindo um colóquio familiar muito reservado. Um menininho de 4 anos tenta explicar ao seu pai por que fez o que fez em suas pequenas calças. Crianças são mesmo uns seres tão puros, que, mesmo a situação sendo bastante engraçada, nos enche de ternura ao ouvir suas explicações sobre os fatos que ocorrem de forma natural.

Segue o diálogo familiar:

- Papai, você sabe por que eu fiz popô? Pergunta o menininho.

- Por quê?

- É porque, sempre antes de eu fazer popô, eu faço pum-pum. Mas desta vez eu não fiz pum-pum, então eu não sabia que ia fazer popô, então eu não pedi pra você pra vir no banheiro.

Papai ri.

Bel Plá