Das dores...
 
Jantarzinho íntimo, comemoração do aniversário de uma amiga.
 
Na sala um grupo de amigas conversa e o assunto gira em torno de doenças. “Tenho colesterol alto”, “Minha glicose está acima da média”, “Tenho um esporão que me dói”, foram algumas frases que ouvi. Fui saindo de fininho, vai que reclamações contagiam.
 
Dirijo-me a anti-sala, conversa de homens, penso: “aqui o papo deve estar mais ameno”.
 
Primeira frase que ouço: “Emagreci muito devido a diabetes, mas agora ela está controlada”.
 
Senti um mal estar, comecei a me questionar se a humanidade está doente ou se é falta de assunto mais interessante.
 
Novamente vou saindo sorrateiramente e embora esteja com alguns hematomas pelo corpo e uma fissura no cotovelo, considero que estou temporariamente com alguns machucados e não os incorporei ao meu ser.
 
Percebo que as pessoas usam o verbo ter no sentido das doenças, incorporam ao seu dia-a-dia e passam a possuir a doença ao invés de estar com ela.
 
Imediatamente me lembro de Wilhem Reich quando afirma: “As pessoas são doentes porque são incapazes para o prazer”.
 
Sai de lá convicta que quero desfrutar de prazeres e não de dores.
 
Como um mantra repito: Sou saudável, as dores são passageiras, abro as portas interiores para o bem estar entrar.
 
Dezembro/2010