Depois do BBB

Prestem atenção na programação da Globo. Todo é depois do BBB. Os melhores filmes, as minisséries, o futebol. Sabe por que? Porque a Globo quer que você fique acordado para assistir o BBB. Digamos que você não está nem ai para o que chamam de reality show, mas quer muito ver o filme famoso que vai passar depois, ou a partida de futebol do seu time do coração. Então meu caro telespectador, você é quase obrigado a assistir ao BBB para depois ver o filme ou o futebol. E não adianta mudar de canal na hora daquele programinha ridículo. Nos outros também não passa nada que presta no horário. Não há opção.

Sendo quase obrigado a assistir ao BBB, você é estimulado a ligar para votar nas besteiras que eles inventaram: Quem vai sair do programa.... Quem vai para o tal paredão... Quem isso ou aquilo. Na verdade o seu voto pouco importa, o importante para a emissora é a sua ligação. Cada vez que você liga, a Globo e a operadora de telefone ganham. E ganham muito. É tanto dinheiro que daria para pagar o prêmio que ela dá ao vencedor do programa inúmeras vezes. Ai está o objetivo central do programa, grana, muita grana para a Globo e para as operadoras de telefonia, enquanto o pobre telespectador – a maioria pobre mesmo, de recursos financeiros e de mentalidade – continua a enfrentar a dura realidade do dia a dia em sua humilde residência, que nem de longe se compara à “casa” suntuosa do BBB.

As emissoras privadas de TV funcionam como qualquer outra empresa -, um supermercado, por exemplo - visam apenas lucro. Só que ao invés de terem nas prateleiras arroz e fejião, oferecem entretenimento, jornalismo, esportes, em troca do dinheiro do telespectador pago aos patrocinadores dos programas na aquisição dos produtos que oferecem. É assim que funcionam. Mas não deveria ser. Televisão é concessão pública, e, portanto, antes do ganho financeiro deveria ter comprometimento com a cultura, a educação do povo, a prática de bons hábitos. E dá pra fazer isso de forma criativa e atraente, de forma a manter boa audiência. A Globo mesmo, com excelentes minisséries, como JK, com programas infantis de qualidade, com jornalismo de primeira (quando não se refere à política) já deu provas que sabe e pode fazer. Há gente telentosa o suficiente na Globo para fazer excelentes programas que atraiam a atenção do público sem precisar apelar para BBBs e coisas do tipo.

Programas educativos – e a Globo sabe disso – não precisam ser aqueles programas chatos e sonolentos das TVs públicas. Horas e horas de palestras, aulas, debates sobre temas sem apelo popular. Nada disso. É preciso apenas bons profissionais, com talento e criatividade para criarem boa programação, sadia, inteligente, educativa e que dê audiência que gere lucro para a empresa. Sim, lucro também é preciso, afinal, ninguém trabalha de graça. Ai, seria o fim do BBB.

Roberti
Enviado por Roberti em 23/01/2011
Código do texto: T2746809
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