SER SINCERA SEMPRE?


É claro que nem sempre podemos ser sinceros e dizer a mais pura verdade.
Por quê? Porque a verdade, muitas vezes, doi.
Minha irmãzinha, na sua mais pura inocência, foi visitar uma amiga da nossa mãe. Antes de sair, mamãe lhe havia dito que a amiga era feia, mas que era uma pessoa muito boa.
Minha irmã chegou, olhou tudo ao redor, encarou bem a velha senhora e disse: mãe, ela não é tão feia assim!
Mamãe não sabia onde enfiar a cara, disfarçou, mudou de assunto, mas ficou numa “saia justa” tremenda.
Quando se é adulto tem que se aprender a mentir ou omitir a verdade, mas eu ainda não aprendi.
Eu estava conversando com duas amigas, Clara e Neuza, sobre a estupidez com que um determinado rapaz havia tratado um funcionário.
Que cara estúpido – disse eu – não tem a menor educação. Não sei o que ele pensa que é, para tratar o pobre rapaz dessa maneira. Humilhou o coitadinho na frente de todo mundo.
Quem é o cara? Perguntou Clara.
Aquele ali, de blusa xadrez.
Ele é o irmão da Neuza – disse Clara, achando que eu ia ficar sem jeito.
Eu – sem perder a pose – disse: Neuza, lamento muito que você tenha um irmão tão grosseiro. Nem parece que é seu irmão.
Acho que a criança que ainda vive dentro de mim, até hoje, não me deixa mentir.
Muitas vezes, nos valemos de mentiras piedosas para não fazer alguém sofrer. Aí é desculpável.
Quando o cachorro do meu irmão morreu, eu preparei o espírito dele dizendo primeiro que o cachorro havia subido no telhado, que tinha caído, que estava no hospital e que se Deus quisesse levá-lo era para ele não sofrer as dores do tombo.
A historinha deu tempo para ele se acostumar com a ideia da perda.
Quando minha avó, de mais de 100 anos morreu, ele, lembrando da morte do cachorro, me perguntou se ela também tinha subido no telhado.
Não, garoto, como é que uma velha de 100 anos ia subir no telhado? Ela caiu foi da cama, mas como estava muito velhinha, essa queda foi como se tivesse caído do telhado.
Ah....sei, respondeu-me - quando eu for velhinho vou dormir no chão.
edina bravo
Enviado por edina bravo em 25/01/2011
Reeditado em 06/02/2014
Código do texto: T2750987
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