Boa noite, John Boy

Quando minhas filhas eram pequenas, ficavam com meus pais durante o dia, enquanto eu trabalhava. Tiveram uma convivência rica com avós, tios ainda solteiros e a criançada do bairro. Morávamos em outro bairro, num chalé muito grande, construído num imenso terreno, onde tínhamos horta, pomar, jardim.

Aos sábados, dormíamos um pouco mais, mas era dia de limpar a casa, lavar roupa, passar, aparar o gramado, revisar a horta, juntar as laranjas e bergamotas caídas no chão. Dar uma espiada no pé de araçá vermelho, para ver se teríamos aquela frutinha gostosa, dali a alguns dias.

À tarde, depois de toda lida em dia, banho e ligávamos a televisão. Às 18 horas, começava o seriado Os Walton. Não lembro bem das aventuras da família, nem da história propriamente. Lembro que havia vários filhos. Era uma família de colonos americanos, lutavam com dificuldades. A história se passa na época da grande depressão.

Talvez esteja misturando as lembranças, mas o que marcou, e disso tenho certeza, foi como cada capítulo terminava. Mamãe Walton ia de quarto em quarto com sua lamparina, verificava se os filhos estavam bem e por último, antes de apagar a lamparina, passava diante do quarto do filho mais velho e se despedia dele : “Boa noite, John Boy.” (27/10/06)