Clube das sextas (II)



Nessa sexta , Débora estava menos afoita.Não tinha nenhum caso de amor-bandido a relatar.Nem mesmo tinha se desentendido com o sempre quase ex-namorado.A bola da vez era Luíza. Ela aparecia de vez em quando, não fazia parte do quinteto sagrado.Mas quando aparecia era um deleite, para nós e para toda a vizinhança de nossa mesa.Motivo? Luíza era exuberante.Chegava com um “Oi queridaaaaaaaaaaaa” encantador e ultrassonoro, capaz de fazer olhares se voltarem em direção a ela ( e a nós!).Assim que se assentava, como num ritual, postava uma mão sobre a outra, erguia a cabeça , assuntava o derredor e perguntava:_ E aí, tudo bem com minhas amiguinhas? Olha, pra variar quero um bom vinho, viu? Luíza só tomava vinho.E o legal que o seu bom-humor prescindia de qualquer bebida alcoólica,Ela era naturalmente pra cima. Então, enquanto aguardávamos os pedidos dos comes-e-bebes, Luíza passou a contar as suas histórias.Afinal já fazia quase dois meses que ela não se juntava ao grupo e tinha muito o que contar.O seu jeito dramático era fascinante.Diferentemente de Débora, ela não tinha deslizes românticos, não se passava por vítima.Muito pelo contrário.Sua autoconfiança era imensa.A gente aproveitou para recordar um episódio que vivenciamos juntas (duas de nós mais outros amigos) no qual Luíza fora protagonista.Aliás ,ela sempre rouba a cena em qualquer lugar em que se encontra.Naquele dia, Luíza cismara em paquerar o percussionista da banda que se apresentava no restaurante bucólico que freqüentamos aos domingos ( de tempos em tempos).Assim que chegamos lá, ela olhou diretamente para o palco e decretou: Hoje esse Negão não me escapa! ( o termo aqui não tem nenhum cunho preconceituoso).O homem em questão já era objeto de desejo de nossa amiga há algum tempo.É que o artista andava meio sumido do lugar.Pra variar, Luíza pediu uma garrafa de vinho e, logo após os primeiros goles, chamou o garçom e mandou um bilhetinho para gajo.Resultado? Bilhete recebido, o Negão se aproximou com um belo sorriso que somado à gargalhada festiva de Luíza foi um show à parte para nós, simples coadjuvantes do evento. Trocaram algumas palavras quase inaudíveis, com sorrisos agora mais contidos e mal-intencionados (rsrsr) e o moço voltou à sua arte.Entre uma conversa e outra com a gente, Luíza mudou de lugar à mesa, postando-se num lugar bem mais estratégico que lhe possibilitava uma interação de olhares e sorrisos intensos com o Negão.
Em nosso happy hour dessa sexta, Luíza nos divertiu muito com a rememoração daquele episódio.As amiguinhas que só ouviam ,pois mão participaram do ocorrido, queriam mais detalhes,se a história tinha rendido outros capítulos, se o Negão era mesmo um homem sedutor, essas coisas que as mulheres adoram saber.Eu que já conhecia  toda a epopeia, não quis adiantar nada.Só ouvia .Mas justo na hora dos finalmentes, aparece um amigo que há muito não víamos .E a sua chegada alegre e carinhosa o fez a centro das atenções momentaneamente.Aí o desfecho da paquera de Luíza e seu charmoso Negão não foi revelado à seleta e curiosa plateia .E para os meus adoráveis leitores, o final ficará para uma outra crônica..

amarilia
Enviado por amarilia em 31/01/2011
Reeditado em 27/05/2012
Código do texto: T2763044