O CAIXA ELETRÔNICO

Seu João Miguel todo mês confiava a sua neta Rita a missão de retirar-lhe o dinheiro da aposentadoria.

Chegaram o mês de janeiro e também as férias da menina que viajara a outro estado brasileiro com um grupo de amigas da escola.

Chegando o dia de receber seu dinheiro, Seu Miguel, um semi-analfabeto resolveu ir sozinho ao banco do que confiar a alguém a retirada do seu dinheiro. Ao chegar no banco e deparar-se com o caixa eletrônico, já era tardezinha e não havia ninguém para ajudá-lo.

Colocou o cartão no caixa e com muita dificuldade digitava os números da sua senha e nada do dinheiro sair, afinal havia colocado o cartão do lado errado. Tentou várias vezes até invalidar a senha e bloquear o cartão.

Seu Miguel batia, reclamava, xingava a máquina e nada do dinheiro sair. Na última tentativa a máquina engolira o cartão aumentando a fúria do aposentado. Ele já estava com os ânimos alterados com tamanha confusão que acabara de armar e ninguém por perto pra ajudá-lo, afinal já era de tardezinha.

Bate daqui, bate dali. Seu Miguel uma hora e meia e nada do seu cartão sair, muito menos o dinheiro. Realmente aquele não estava sendo um bom final de dia para seu Miguel que só queria retirar o seu dinheiro, mas infelizmente a tecnologia facilita para aqueles providos de leitura e dificulta para aqueles que mal sabem assinar o seu próprio nome.

Como de costume o velho pegou a faca peixeira que carregava na cintura e tentava arrombar o caixa e abrir a porta atrás por onde se repunha o dinheiro.

Com tanta insistência o alarme do banco disparou e a polícia de imediato chegou. A viatura encostou-se à frente ao banco e vários soldados armados e apontados para o infrator que se encontrara atrás do caixa o repreenderam. Quando olharam viram que se tratava de um senhor de idade.

__Que isso vovô, tentando arrombar o caixa?

__Arrombar? Esse caixa que engoliu meu cartão.

Instalada a confusão lá iam seu Miguel e o caixa para a delegacia, pois não tinha quem desgrudasse o homem da máquina.

Chegando na delegacia lá estavam seu Miguel ainda grudado no caixa. E o delegado questionava: __Seu Miguel desgruda dessa máquina.

__De maneira alguma! Só saio daqui com o meu dinheiro e o meu cartão.

E o delegado pacientemente tentava convencer o velho a largar o caixa. Acionou o técnico do banco que finalmente dirigiu-se a delegacia e finalmente conseguira tirar o cartão e o dinheiro de seu Miguel mediante nova senha.

Seu Miguel então confessara que nunca mais iria se dirigir à banco algum, já que sua neta agora chegaria de viagem e daí por diante iria continuar a tirar seu dinheiro tão aguardado todo mês.

Alessandro Mello
Enviado por Alessandro Mello em 31/01/2011
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