U
m banho de água e sal

 

 

Vim de um vale que se diverte com a acirrada disputa entre as Serras da Mantiqueira  e do Mar. Particularmente prefiro o frescor das montanhas, mas por conta do destino familiar finquei bandeira em Ubatuba. Passa verão, entra verão e encontros acontecem não tanto nas praias como de costume, mas em pequenas ilhas onde as águas são mais profundas e transparentes. Como das outras vezes, não dispensei o mergulho e por horas e horas de cada dia permaneci envolta em águas de esmeralda (com chuva ou sem chuva), numa prosa divertida. Num desses dias me perguntaram como eu flutuava sem o ‘espaguete’, ou coisa parecida. Até então nunca havia prestado atenção nesse ‘como’... simplesmente permanecia parada como se estivesse em pé  (sem dar pé...).  Afinal, meu primeiro encontro com o mar aconteceu em torno dos meus 4 anos de idade (há muitos e muitos anos...) e nunca mais nos separamos. Mas confesso que quando fui prestar atenção nesse ‘como’, quase afundei...  Quase, pois logo aprumei meu corpo e retomei minha dignidade. Não deixou de ser engraçado, aliás, bobagens desse gênero que nascem do cotidiano sempre me divertem... Tirando a graça de lado sou obrigada a admitir que permaneci por tempo demais na água do mar e meus neurônios ficaram excessivamente salgados. Obviamente contaminaram meus pensamentos. Por ora, minha compulsão pela escrita parece ter diminuido, o que pode até ser saudável, mas o que importa é que ainda sinto o frescor que alimentou por dias e dias... minha alma molhada. Não bastando o mar, cada encurvada da serra me presenteou com alamedas de infindáveis flores de manacá. E já de volta, enquanto adormeço em leito de águas doces para amenizar meus narrados, sobra tempo para muita prosa com minha 'mana' que mora do lado de cá.


heleida nobrega
Enviado por heleida nobrega em 01/02/2011
Reeditado em 21/04/2011
Código do texto: T2765490
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