Escolhas e/ou o Jogo do Contente.
 
Toda a nossa vida depende de nossas escolhas, mas na maioria das vezes elas são ou se tornam inconscientes. Assim é que depende de mim levantar-me com o pé direito ou com o esquerdo no entanto o que acontece é que na maioria das vezes só nos resta observar com qual deles nos levantamos. Não que isso fisicamente possa ter qualquer importância, mas a postura diante de um novo dia, o olhar com o qual me disponho a enxergar os acontecimentos de cada dia, esse sim é de suma importância.

Quando percebi a importância dessa decisão certamente escolhi levantar-me com o pé direito todos os dias. Embora isso não aconteça sempre, na maioria das vezes eu me levanto de bem com a vida – logo, minha decisão consciente tornou-se inconsciente simplesmente porque se sedimentou.

Faz muito tempo que na escola da vida deixei de acompanhar a cartilha de Poliana – mas não posso negar que essa filosofia também se entranhou de tal forma no jeito com que vivo que se tornou inconsciente. Para quem nunca ouviu falar de Poliana, é um personagem criado pela escritora Eleanor H. Porter . Pollyanna é uma órfã que aprendeu com o pai a jogar desde pequena um estranho jogo: O jogo do contente. E é jogando esse jogo que a menina transforma a sua vida e a vida de todos que a cercam. Clássico da literatura infanto-juvenil é uma pena que esteja esquecido no fundo das estantes. Na minha, nem tem mais. 
 
 
O tal jogo começou quando em um distante Natal, Poliana, que esperava ganhar uma boneca, ganhou um par de muletas.O Pai lhe ensinou a ficar contente por não precisar delas. Lembrei-me dele quando precisei usar uma bengala e pensei: antes uma bengala que uma muleta. Ou uma cadeira de rodas. Mas Poliana não era uma menina tola – houve uma situação em que até ela desistiu de jogar o jogo do contente. Porque muitas vezes temos que mudar as regras do jogo para adaptá-lo a situações mais complicadas.

Há muitos anos escolhi trocar o dia pela noite. Tornei-me um animal noturno. Ninguém me convencia que o mais saudável seria ser um animal diurno. Meu argumento é que cada um tem a sua natureza. Pois não é que agora eu sou um animal diurno? Sem querer a vida me fez começar cedo o dia e eu além de estar gostando estou me sentindo bem melhor. Cedinho, cedinho eu acordo e começo o dia. Que inclusive está mais longo e produtivo.

Viver e aprender. Viver aprendendo ou aprender vivendo. Eis um jogo que também gosto de praticar – O jogo de palavras. Altamente produtivo. E essa crônica que seria sobre as escolhas de nossa vida ficou assim um pouco sem eu saber qual foi o seu propósito definido. Mas, e daí? (03/02/11)