Sobre os Carecas e o Poder (re-edição)

Sobre os carecas e o poder.

Não desejo teorizar sobre o assunto, nem manifestar qualquer opinião preconceituosa. É uma simples constatação. Já sabemos que hoje a política está livre de conotações ideológicas. Os eleitores votam nos candidatos que inspiram mais confiança. É uma questão de fáscies, a figura e a boa apresentação passaram a ser os pontos mais importantes para o merquetingue político. O Collor era belíssimo, um verdadeiro galã, e o Lula só ganhou porque deixou de ser o sapo barbudo e passou a se vestir como um lorde inglês, com ternos elegantes e barba bem feita e cabelos alinhados, muito distante daquele outro que dava entrevistas para o Pasquim, com camiseta de metalúrgico, diante de uma garrafa de 51.

Nesse sentido, afirmemos, dificilmente um careca ganhará a eleição para presidente. Para prefeito ou governador, talvez, mas para presidente é impossível. Não há um exemplo, sequer, de careca que tenha vencido eleições para presidente recentemente em todo o mundo. E é fácil de explicar o fenômeno, não se trata de política, mas de apresentação, porque a eleição passou a ser um espetáculo despolitizado, mais próximo de um show televisivo. Daí porque vários atores de bela figura foram bem sucedidos, o Reagan, o Shwarzenneger, o Sílvio Santos quase emplacou, todos lindos e cabeludos, ou pelo menos aparentemente, já que o último parece estar de peruca. Eis também porque o Maluf investe em implantes capilares e o Juscelino tinha mais cabelo quando morreu do que quando governou, o que parece indicar que ele ainda aspirava ao governo.

Os carecas por outro lado, podem dar excelentes ditadores, cujos mais perfeitos exemplos são Lênin, careca, e Mussolini, carequíssimo, um verdadeiro skin head.

Assim é um ingênuo suicídio marquetológico escolher um careca, como o PSDB fez por duas vezes seguidas, com a agravante de que desta vez até o candidato a vice é careca. Aí já é demais, é um desafio ao bom senso.

Quanto ‘as mulheres, elas sempre serão candidatas fortes. Em primeiro lugar são mais belas, depois, não são carecas, sempre podem se dar ao luxo de uma produção embelezadora, mesmo a Heloisa Helena, que costuma se vestir com desleixo descompromissado poderá a partir de agora, soltar aqueles cabelos negros, aplicar uma maquiagem, botar lentes de contato, trocar as camisetas por blusas, depois vestir uma jaqueta, até chegar ao ícone máximo da autoridade feminina, o terninho. Eis aí uma candidata que sobe nas pesquisas.

Enquanto isso, o pobre careca poderá, no máximo, distribuir seus parcos fios de cabelo, num estilo over-head, torcendo para que seu discurso moralizante funcione. Ai, que saudades do FHC e de sua densa cabeleira! Ou arrumem um careca bonito, como o Karabtchevski, o Zidane, o Bruce Willis, aí teremos uma disputa de verdade.

(publicado em agosto 2006)