Carnaval e cinzas

O êxtase da euforia, uns curtem suas fantasias, outros usam belas fantasias. Eu que pesquisava onde estão às pessoas livres e felizes pelo menos as encontrei durante quatro dias. Há quatro décadas eu ainda presenciei alguns carnavais sem cinzas.

Não tenho como esquecer a alegria de meus vizinhos comadre Zita e seu marido Zé Mendonça da prefeitura (in memorian) subir na direção do clube que ficava ali ao lado do armazém da CIAOM, ou seja, antiga usina. O clube era pequeno, mas até tremia de tanta alegria.

O compadre Zé Mendonça fantasiado de Zorro e a comadre Zita com aquele vestido branco e longo ornamentado com enormes bolas pretas, que a gente chamava de Cinderela. Não tenho como descrever todas as fantasias, mas este casal era o destaque. Outro clube destaque era o clube do João Paulino ali em frente ao cinema do Sr. Zé Dias.

Como esquecer o Sr. José Ilias (in memorian) com aquela camisa branca de mangas compridas, nas costas da camisa a gente lia o seguinte recado “Socorro! Socorro! Case comigo se não eu morro.” Como esquecer o homem mais feliz que conheci nos carnavais o “Nide” (in memorian) do Sr. “João Lau”, brincava de suar a camisa os quatro dias com aquele sorrisão destaque e saiba que ele nunca bebeu bebida alcoólica.

Na quarta-feira de cinzas o presenciei com seu carro de boi equipado com oito bois chitão amarelo e branco ele de pé no cabeçalho do carro com sua enorme vara de ferrão com aquelas argolas na ponta a tintilar descarregando lenha ali no açougue de seu João Veloso. Presenciei o antigo clube Recreativo ali no centro na época o “glamour” do carnaval de luxo, com suas luxuosas e belíssimas fantasias.

Na entrada a gente saboreava o cheiro do Rum Montilla e da Vodka, aquele fumação, uma loucura coletiva. O personagem principal e inesquecível era o Sr. Nonô Relojoeiro (in memorian) com seu enorme trombone com aquele bicão fazendo esforço para proporcionar o melhor som possível.

Agora do carnaval de rua eu lembro-me de uma figura carnavalesca legitima o jovem Nininho (in memorian) filho do Nenzinho do Sr. Sudário com aquele inesquecível apto no peito e de tempo em tempo aquele apto maravilhoso suava e não posso esquecer também do meu amigo Duviquinho (in memorian) filho do lendário Chico Duvico com aquele maravilhoso pandeiro.

Não consigo esquecer-me do Seu Bernado da prefeitura e sua esposa ambos (in memorian) subindo na direção da praça da matriz com seus mais de dez filhos uma banda instrumentista completa, músicos por natureza faziam a alegria da multidão para nossa sorte um de seus filhos continua nesta caminhada.

Bem! E o carnaval? A mídia o comprou! E as cinzas? Bem! As cinzas cavalgam no tempo.