Testemunho de Fé de Um Ateu
(Baseado em Fatos Reais)




Como podemos descrever fatos das nossas vidas que fogem do nosso conhecimento? Do nosso cotidiano? Do que entendemos como sendo o normal para as nossas vidas?


"Este texto vem a narrar uma história real, que aconteceu de fato. E esta narrativa é um testemunho, um agradecimento a alguém, não sei a quem, mas que estava em algum lugar além do tempo e do espaço, e enviou uma mensagem para mim, que mudou totalmente a minha vida."


Sou um cidadão que não tem ligação com uma religião específica, respeito todos os credos, mas não sigo nenhuma ideologia teológica. Apesar de ter uma educação católica, passando do batismo até a crisma e os grupos carismáticos, depois de alguns desencontros, acabei por me distanciar até a total separação entre mim e esta religião cristã. Meu conceito é que a religião prende o ser humano a um meio religioso em que ele acredita, distanciando-o do seu respectivo caminho para Deus. Sendo livre dessas facções de fé, o ser humano pode se aproximar do Deus de fato, sentindo a sua essência, que classifico como o "Trinômio Sagrado de Deus" - Paz, Amor e Simplicidade. Pode-se dizer que esta é a minha religião, se é que pode ser classificada como tal.


Minha vida sempre foi dedicada aos estudos, vida esta muito sofrida devido a diversos contratempos que me levaram a ter pequenos êxitos e grandes fracassos. Com muito custo consegui terminar o segundo grau, hoje ensino médio. Tentei por várias vezes terminar um curso de nível superior, economia e direito foram as escolhas, mas ou devido os custos de uma faculdade particular ou devido a falta de apoio social, acabei por cair pelo caminho. Ainda fiz cursos diversos, sendo o mais importante o de comissário de voo, o sonho de voar, também não obtive sucesso, o curso foi concluído, mas, num momento em que as empresas aéreas estavam em crise, por isso, não contratavam ninguém. E assim continuou até que desisti de tentar ingressar nessa profissão.


O trabalho não ajudava muito, mas eu tenho muito a agradecer por ter passado tanto tempo nele, de 1994 até 2004, pois como garçom, aprendi a ter a humildade necessária e o espírito de luta para nunca aceitar a derrota como resposta, e sempre buscar novos caminhos.


Assim, acabei por me tornar operador de turismo de uma empresa americana em 2007, muito me orgulho disso, e eles têm muito carinho por mim, atualmente estamos em caminhos separados, mas a amizade e o companheirismo continuam, como bons amigos devem ser.


Nesse contexto, em meados de 2008, voltei a sonhar em entrar para uma universidade, mas sempre ficava a buscar qual era a minha área, meu estilo, minha profissão.


Meu cunhado, chegou para mim e disse de certa forma surpreso.

- Mauro, por que você não tenta cursar uma universidade na área de história? Tem tudo a ver com você, olha ao seu redor, a história faz parte da sua vida, veja seus livros, seus vídeos, suas estatuetas. Só você não percebe isso?


Incrível, eu tenho hoje em dia mais de 500 livros e, em sua maioria, são ligados a mitologia greco-romana e egípcia, isso sem contar as estatuetas desses deuses, semideuses e heróis dessas mitologias em questão, além das mitologias celta e nórdica.


O questionamento do meu cunhado foi como um raio de luz que se acendeu na minha frente, na minha cabeça, sempre tratei a ciência da história como um passatempo, nunca imaginei me profissionalizar nessa área.


Tendo sido acordado pelo meu cunhado e apoiado pela família, comecei a verificar as possibilidades de tentar um possível vestibular, mas com 35 anos e a pelo menos 10 sem prestar um exame público, o desânimo acabou por me abater e, no meio de todo esse contexto aconteceu o pior. Meu irmão caçula, Daniel, foi levado pelos anjos. Uma doença súbita o levou em questão de dias, o que destroçou a família. Meus pais e a minha irmã, ficaram como zumbis por todo o ano de 2009, principalmente pelo fato dele ser o filho caçula e xodó da família, além ser um verdadeiro atleta de corpo escultural e por ter sido sepultado justamente no dia 10 de maio daquele ano, que caía no segundo domingo de maio, o dia das mães.


Passei dias as claras e várias noites sem dormir, a vida tinha perdido o sentido. A ex-namorada, Natália, me ajudou e foi ajudada, adotada por nós, uma forma de tentar conter a dor de ambos os lados. E ela me apoiou muito nessa ideia de fazer um novo vestibular, ela quase me forçou a fazer o teste para passar para uma universidade federal.


Optei pela UFF, (Universidade Federal Fluminense), por já ter tentado economia por lá em 2001, mas ficando na segunda fase por ter dormido durante o tempo de prova. Infelizmente na época, ainda trabalhava de garçom e meus amigos de profissão não entendiam os meus objetivos, em vez de me liberarem mais cedo para que pudesse descansar, tive que fechar a casa quase às 4 horas da manhã, morando longe do trabalho, acabei não tendo tempo suficiente para dormir, isso foi um golpe fatal nos meus sonhos de ingressar numa faculdade, pois o sono veio forte, acabei dormindo quase 3 das 4 horas de prova, ficando sem qualquer chance de uma possível vaga. Isso foi por demais dolorido, ficando com uma tristeza profunda, mas logo superada, a vida continua e sempre continuará para quem não tem medo de vencer.


Entre alegrias e desânimos, acabei por perder o prazo de inscrição do Enem 2010, na minha inocência, não sabia que tinha que fazê-lo, sem o Enem, não havia como fazer vestibular para a UFF naquele ano respectivo, restava-me lutar e aprimorar os meus conhecimentos para o vestibular do ano seguinte. Mais uma tristeza e mais uma decepção na minha vida, não iria poder fazer o vestibular 2010 da universidade que eu aprendi, ao longo daquele período, a tanto amar e querer bem. Então, como já era de costume, abaixei a cabeça, chorei e tentei esquecer. Bem, é nesse exato momento que meu testemunho começa. Alguém, de algum lugar no espaço-tempo me enviou uma mensagem em sonho, uma visão que mudou a minha maneira de pensar, a minha crença e o meu jeito de viver. Eis a visão que tive:


"Durante o sono eu me vi diante da Escola Municipal Dr. Cícero Penna, coincidentemente o colégio onde estudei da primeira até a quinta série, não estava sozinho, havia outros comigo, não via os seus rostos apenas os seus corpos, vestidos com camisas brancas, calças cuja cor eu não via. 


Os portões já estavam fechados, pois tínhamos chegado atrasados, fora do prazo, mas continuávamos ali, na frente do colégio, a espera de algo que eu não entendia o que poderia ser, mas esperava também, assim como eles, até que o inesperado aconteceu, os portões foram abertos mais uma vez, como a grande mãe que abre os seus braços para receber todos os filhos, todos que estavam ali começaram a entrar na escola.


Quando comecei a andar em direção a entrada, uma menina pediu a minha mochila emprestada, seria falta de educação dizer não, eu a emprestei e aguardei a devolução mas, a menina não me devolvia, quando olhei novamente para o Cícero Penna, vi que os portões novamente começavam a se fechar, fiquei desesperado ao ver que iria ficar do lado de fora, corri para o portão, coloquei o meu corpo dentro do colégio e deixei o braço do lado de fora, assim a porta espremeria o meu braço, mas não fecharia, pois havia um entrave, o meu braço. Sabia que se eu saísse para tentar pegar a mochila a porta iria se fechar e assim, eu estaria fora, e se eu entrasse sem a mochila eu também estaria desclassificado, não sei o porquê."


Nesse estado de total stress, vi uma senhora muito bem trajada, e lembrei que era a professora do jardim de infância da minha irmã. Ela foi até essa menina, que estava com a minha mochila, pegou-a da menina e me devolveu. Dessa forma, eu pude, finalmente, entrar na escola! Lembro-me ainda que, no sonho, eu subi pela escada do lado esquerdo e, no segundo andar, eu me direcionei até a sala onde fiz a minha primeira série, que ficava na esquina da Avenida Atlântica com a Rua República do Peru. Só que a sala era diferente da sala que eu tinha estudado na década de 80 do século passado.


Um detalhe estranho, só estavam os alunos na sala, não havia professores, quando eu entrei."


Acordei de sobressalto, como se tivesse tomado um susto, tão logo encontrei minha mãe, contei-lhe o sonho, detalhe por detalhe. Ela achou interessante, mas o Enem já havia passado, a UFF estava fora dos planos de 2010-2011. Lembro-me que tive esse sonho no início de outubro de 2010. O Enem foi encerrado no fim do mês de setembro desse mesmo ano.


Num belo dia, umas duas semanas depois de ter tido essa visão em sonho, lembro-me que o telefone tocou lá pelas duas horas da tarde, era Natalia que, vociferando, quase aos berros, disse-me que a UFF tinha reaberto as inscrições para quem não havia se candidatado no prazo para fazer o Enem. Eu disse que ela estava louca, foi quando ela relatou que algumas provas foram extraviadas por meios ilícitos e que o Enem iria ser adiado, a UFF para não ter seu calendário acadêmico alterado, resolveu fazer como de costume, primeira e segunda fase. Entrei em transe, pois na hora, me lembrei dos portões do Cícero Penna reabrindo diante de todos, o sonho por completo veio a minha mente, fiz a pergunta vital, como? Como posso ter visto isso acontecer antes de acontecer? O Cícero Penna era a UFF reabrindo as portas para que eu e os outros pudessem participar da festa do vestibular. Agradeci a Natália pela boa notícia e fui rapidamente fazer a minha inscrição, ainda em estado de choque. Não obstante, da surpresa veio a preocupação, eu teria um grande problema pela frente, como não havia feito inscrição no período certo e tinha deixado tudo para o vestibular do ano seguinte, não me preparei para qualquer exame, dessa forma não havia outra opção senão, não tentar fazer cursinhos, tive que ir por conta própria e lutar a minha luta. Como eu iria me atualizar em um mês? As provas iriam ser no início de dezembro, não haveria qualquer possibilidade de estar no nível dos demais candidatos, e história estava numa média de 6 a 7 candidatos por cada vaga.


Pensando no sonho, fiz a inscrição e não tendo alternativa, voltei-me para as provas anteriores, que fiquei estudando sozinho em casa, estava quase que num sistema de aquartelamento, sem material, sem tempo e sem perspectivas de sucesso nessa grande aventura. Mas a visão não saía da minha mente. Fiz o possível para acreditar no impossível, que eu conseguiria estar na segunda fase da Federal Fluminense, por tudo que, supostamente, havia sido mostrado a mim em sonho.


Chegou o dia da prova, dessa vez eu estava descansado e pronto para a grande batalha. Ao chegar aos portões do Gragoatá, as entradas por onde passam os carros estavam fechadas, por coincidência, uma delas foi levantada para que um carro de passeio pudesse entrar, e não foi abaixada, eu entrei por ali. Quando cheguei ao bloco em que iria prestar o exame, novamente entrei em choque, nesse instante tive a primeira confirmação da visão que tive em sonho, sem nunca ter estado na área da prova da primeira fase, percebi que a sala em que iria fazer a prova era a mesma da minha visão, o local do sonho referente à sala da minha primeira série, tudo estava no seu respectivo lugar, até as falas das pessoas eu tornei a escutar, só que dessa vez era real! Cheguei a rir diante do que estava presenciando, não conseguia acreditar no que estava presenciando, o monitor perguntou se eu estava bem, pois a minha atitude era a de um homem totalmente insano, naquele instante eu disse que sim, que nunca havia estado tão bem em toda a minha vida.


Quando chegou o resultado da prova, veio a confirmação de que havia passado para a segunda fase, um verdadeiro milagre, eu fui bem em todas as matérias, mas acertei apenas uma questão em matemática, e porque marquei errado! Se tivesse marcado certo, com certeza teria sido eliminado, marquei a alternativa (a) na questão referente a uma função matemática no caderno das questões de prova e marquei a letra (b), (por falta de atenção), no cartão de resposta. Só não infartei porque achava que havia acertado as questões de porcentagem, errei todas! Não conseguia acreditar como eu havia errado 8 de nove questões de matemática e, a única que acertei, foi por erro.


Nesse momento, veio a imagem de Maria, mãe de Jesus, na minha mente, sem saber por qual motivo, não me perguntem, jamais saberei responder. Entreguei-me de corpo e alma à Sua graciosa santidade e amabilidade, além da Sua misericórdia infinita, agradeci sem saber como, pela visão que havia tido e que eu iria ter fé e nunca deixar de acreditar que tudo aquilo não fora apenas um sonho, que na realidade, havia recebido uma grande e boa nova, originada das Suas maravilhosas mãos. Posso ter deixado de ser católico e até ser quase um verdadeiro ateu, pelo que já mencionei. Mas nunca deixei de ter um carinho mais do que especial por Maria, ou pelo elo íntimo com a minha mãe, ou pela admiração que eu tenho pelo ser fantástico que é este ser chamado de mulher, não sei dizer, mas sempre me sinto bem, quando sinto e falo coisas a respeito de Maria de Nazaré.


Fui para a segunda fase, muito feliz, pois o sonho passou a ser o combustível para que eu superasse as dificuldades, a ausência do meu irmão caçula e as incertezas da vida.


Ao receber o resultado da prova, percebi que havia ficado na posição 260, ou seja, a 80 vagas para me classificar para o curso de história, eram 180 vagas disponíveis, da matéria que eu havia optado pelo que já narrei. Só que, devido aos bônus do governo aos alunos que vinham de escolas públicas e os que fizeram o Enem atrasado, acabei por perder 21 posições, ficando oficialmente na posição 281, cem vagas além da posição mágica e tão sonhada por mim.


Minha alegria foi embora por completo, ficar a 100 posições da vaga pretendida era muita coisa, mesmo assim, acreditando no sonho, não desisti e sempre dizia a mim mesmo que eu era um Cidadão UFF. Pelo menos já sabia o que significava a menina me pedindo a mochila, eram as reclassificações.


Nesse período eu conheci o fundo do poço, quando em junho de 2011, tive picos de pressão alta, aceleramento dos batimentos cardíacos, todos os sintomas de um infarto iminente. Só depois de uma bateria de exames, que não acusaram nada, é que foi constatada a depressão seguida de síndrome do pânico, tinha medo de não conseguir dormir. A alegria havia abandonado o meu corpo e o meu espírito, a saudade infinita do meu irmão latejava em meu peito como um punhal incandescente dilacerando cada parte do meu desejo de viver, somando isso aos problemas devido aos poucos clientes que chegavam ao Brasil pela empresa que trabalhava e, por isso, acabava sempre com muito pouco dinheiro que nunca era suficiente para o mínimo possível, a ânsia de saber se realmente entraria ou não para a faculdade acabou sendo o estopim para que a minha mente viesse a clamar para que houvesse uma pausa em meu corpo, pois estava com a vida por um fio, a beira de perder o controle, vendo o suicídio como uma opção bem convidativa. Mesmo assim, olhava para o céu e dizia. "Por mais que a água que venha a bater no meu corpo seja gélida e o sol não queira brilhar no meu rosto como ele brilhava antes, jamais deixarei de acreditar em Ti e em tudo o que Você representa, e acima de tudo, pelo que me fez visualizar. Por Você, a derrota não é e nunca será uma opção!"


O tempo passou, as reclassificações passaram e o meu nome não era chamado, já estávamos em julho e os amigos começaram a me pedir para que eu fizesse a inscrição para o Enem 2011-2012, para prestar um novo vestibular. Sempre dizia não, que  acreditaria até o fim na visão que tive, mas depois de muita insistência, inclusive por parte da minha própria mãe, exaurida de tanto ver o meu sofrimento, acabei por dar o dinheiro ao Estado e fazer a matricula para um novo vestibular, mas sempre dizendo para a grande Mãe o meu pedido de perdão por minha incredulidade, que aquilo tudo que eu estava fazendo era para aliviar a dor da minha família, a dor da minha mãezinha querida, mas que eu nunca deixaria de acreditar que a vaga já era minha.


Na mesma noite tive uma segunda visão. Estonteante visão. Eis o que vi, acreditem!


"Depois que adormeci, vi que estava sentado junto com outras pessoas numa sala, não conseguia identificar onde se localizava aquele espaço, não era grande, mas o suficiente para abrigar um grupo de pessoas para uma reunião de boas-vindas. Eu estava a cerca de umas 20 fileiras de cadeiras da mesa de um senhor forte, que estava chamando pessoa por pessoa, cada uma, quando era chamada, levantava-se para assinar um documento, junto com os seus familiares mais próximos, e saiam por outra porta, depois de sonoros aplausos, para fazer a festa com a família, fiquei maravilhado quando ele chamou o meu nome e, ao me aproximar dele, vi a minha mãe, magistral, com um sorriso indescritivelmente belo, e que aguardava-me para presenciar... a, ...a, a minha assinatura para o meu ingresso a algo grandioso, o certificado de estudante da Universidade Federal Fluminense!

 

A resposta que eu tanto esperava, a confirmação de que eu tinha vencido e que agora estava no colo da minha querida e grande Mãe e que prosseguiria pelo mar azul e cristalino da vitória. Assinei o meu nome como classificado da instituição que tanto ansiei por entrar! O sol brilhava majestoso como se estivesse lá para dar as saudações de boas-vindas, nunca tinha visto um dia tão claro e brilhante quanto aquele dia, saí com a minha mãezinha daquele lindo local para encontrar os meus outros parentes no salão de festa para festejar o meu ingresso no ensino superior."

Era a resposta! Não tinha mais dúvidas! A vaga de história era minha! Só que já estávamos em agosto de 2010, quase um ano já havia se passado e, já haviam passados mais de sete reclassificações, só haveria mais duas para o segundo semestre, depois, dessas reclassificações, o vestibular 2010-2011 teria seu evento encerrado para iniciar os preparativos para o novo vestibular, 2011-2012.


No entanto veio a grande nova! Às 19:25 da noite de 18 de agosto de 2011, uma linda e tranquila noite, estava eu sozinho no apartamento quando resolvi entrar na internet para gastar o tempo livre, passei por alguns sites e por curiosidade resolvi verificar antecipadamente se haviam adiantado algum resultado no iduff dos candidatos. Chorei aos cântaros quando eu vi o meu nome na lista dos convocados para fazer a matrícula na Universidade Federal Fluminense. "Parabéns, seja bem-vindo a UFF."

Eu sabia! Eu sabia! Gritava aos berros e chorava ao mesmo tempo, sozinho no meu quarto, (aparentemente sozinho, pois eu sabia que ela estava lá, a Grande Mãe), sem para, a emoção foi maior que a razão, pois não havia com quem compartilhar o momento, naquele instante, creio eu, era necessário estar sozinho, precisava ter o universo só para mim, minha mãezinha estava na casa da minha irmã e meu pai estava no trabalho, como se tudo fosse propositalmente arquitetado para que ao receber a notícia, não fizesse outra coisa senão fechar os meus olhos e agradecer por tudo, agradecer à Ela, a Senhora da minha vida.


O meu pai foi o primeiro a chegar em casa e chorou comigo, como duas crianças ao encontrarem seus animais de estimações, que estavam perdidos, depois de muito tempo de solidão, tristezas e incertezas, finalmente eu gritava, com toda a força que havia em meus pulmões, que eu tinha deixado de ser o cão vira-lata, o homem do quase, aquele que ia e nunca chegava, começava e não terminava, agora mais do que nunca e quase um ano depois do sonho eu era um Cidadão UFF!!!!


O mais espetacular de tudo isso não foi apenas a convocação para a UFF, foi tudo o que aconteceu logo a seguir do dia 18 daquele mês. O meu trabalho melhorou, tive o melhor outubro, novembro e dezembro da minha vida, com a empresa que estava passando problemas tendo finalmente a sua melhora e, devido ao meu longo período de fidelidade a eles, acabaram por me convocar, em setembro de 2010, para ser o guia oficial da empresa no continente sul americano e, com eles, pude conhecer lindas cidades como, Campos do Jordão, Petrópolis, Penedo, além de Salvador na Bahia, o estado do Ceará inteiro e Cartagena das Índias, paraíso histórico, tropical e turístico da Colômbia, viajar pelo mar do Caribe e suas ilhas e me transformar em operador de turismo internacional, tive a minha carteira de guia de turismo e carteira de motorista custeadas pela empresa além do meu passaporte, que me dá a possibilidade de conhecer o mundo inteiro como sempre quis. Atualmente vivo como analista de faturamento de uma grande multinacional na área de telecomunicação e ainda desfruto dos doces sabores da minha tão amada Universidade Federal Fluminense.

Mas voltando ao dia da minha estreia na UFF, o grande dia finalmente chegou. Meu primeiro dia de aula, foi quando a minha visão finalmente se consumou.

Queridos amigos, no meu primeiro dia de aula, não houve professores em sala de aula, eu entrei na sala e só havia alunos, assim como eu tinha visto no final do meu primeiro sonho.


Em primeiro lugar, faço testemunho que os professores da UFF são pontuais e sempre deram suas aulas no horário, e estou me preparando já para cursar outras áreas do meu tão querido curso de História.


Em segundo lugar, não sei se era a grande Mãe que estava comigo por todo esse tempo ou se estava com outras pessoas que se dedicaram a me guiar até onde cheguei, na minha ignorância, faço este testemunho, esta narração para que, quem vier a ler este conteúdo, possa vivenciar e vir a saber o que aconteceu comigo, o que eu vi, ou melhor, o que foi mostrado a mim, o caminho que eu iria trilhar para chegar a vitória de uma etapa tão gigantesca, por isso este é o meu testemunho. De que, de alguma forma, fui guiado, ajudado por eles, por “Ela”, não sei o porquê, se por merecimento ou pelo destino que trilharam para mim. O que sei é que, de algum lugar eles nos apoiam, eles nos defendem.


Não posso afirmar com os olhos da ciência, do qual eu sou membro, mas afirmo com o coração e agradeço a minha tão querida e adorada Mãe, minha adorada Maria. É para “Ela” que eu dedico este testemunho, para que todos saibam que mesmo nos tempos de dor, a Senhora nunca me deixou. Que a minha história ajude a muitos que perderam a fé a reencontrar o caminho. Assim como eu reencontrei o meu, o ateu que voltou a ter fé!...


Estamos em 2014 e...., ainda acredito, não importa a fé, eles estão lá, para nos ajudar, para nos orientar e para nos guiar para o caminho da luz, seja ela como for!


Posso não ter religião, mas Maria é a minha vida!

 

Mauro Veríssimo

                                                     
 

Mauro Veríssimo
Enviado por Mauro Veríssimo em 10/02/2011
Reeditado em 13/05/2024
Código do texto: T2783299
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