A ALMA DA ROUPA

Dentro daquele vestido florido com laços nos ombros e cheio de botões tem uma alma. Naquela calça desbotada que passa apressada tem uma alma. Em qualquer roupa, cara ou barata, suja ou limpa, engomada ou amassada tem uma alma ou pertence a uma alma.

Muitas vezes a roupa descansa na cadeira ou se encontra estendida no varal. Mas ela espera seu dono para ter vida. Andar, passear, trabalhar. Muitas vezes as almas mal têm roupa, são trapos. Mas trapos têm alma e que alma largada, sofrida, mas tem.

No desfile de modas a gente se senta e olha para as roupas nem enxerga as almas que vão e vem. Confere os detalhes e paga tão caro pelo pedaço de pano que um famoso criou. O pano, a linha, o corte vale mais que alma que dá vida e roupa que o homem inventou. A gente não olha para alma, ela pouca interessa o importante é o glamour.

Que seria do homem e da alma do homem se não fosse a fantasia e a ilusão que enfeita e alegra a vida? E a gente enfeita a roupa cheia de fitas, salpica miçangas e borda de brilhos. Encurta o vestido e rasga o decote. E cada estilo veste uma alma que está dentro do corpo. E tem alma discreta, alma estilosa e as vestes também são assim de todo modelo.

Futilidades, fantasias coisas banais, simples que dão sentindo a vida e ocupam as mãos. Cortar o vestido, bordar sua bainha, pintar as mangas, enfeitar com rendinhas não faz mal a ninguém. Ocupa a mente com a criação e preenche o tempo com o trabalho artesão.

A roupa sem alma é pedaço de pano largado, sem expressão. A roupa com corpo e com alma se movimenta se exibe e se mostra, é veste com vida e com animação.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 16/02/2011
Reeditado em 20/04/2020
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