Que saudade da Ratio Studiorum !

Descrevo agora nestas simples palavras uma grande experiência que a graduação em Pedagogia me proporcionou: “a vivência da realidade educacional do ensino fundamental”.

Ao longo de quatro semanas de Estágio Supervisionado, pude compreender “na prática” quão difícil é o ofício de “ser professor...”.

Tudo começou com a observação, a turma toda alvoroçada com a novidade (nós, os estagiários!) na sala de aula... Mas não demorou muito para o “gelo” derreter e as atividades “normais” a turma começar a desenvolver.

No período de observação pude avaliar as dificuldades gerais da turma, quais eram os alunos que se mostravam interessados, aqueles que eram totalmente alheios às aulas, como era a relação entre os alunos e a professora da turma, vislumbrando assim como seria nosso Projeto de Intervenção... Num piscar de olhos a semana passa.

Inicia-se a regência, seguimos os Planos de Aula que elaboramos no Projeto cujo tema foi: “Leitura e Ludicidade”. Avalio que a minha participação no Estágio foi muito boa, visto não ter experiência docente com crianças do Ensino Fundamental.

Senti certa dificuldade em relação ao comportamento da turma, às vezes foi preciso falar mais alto com os alunos, para manter a disciplina e a atenção, observo que muito da indisciplina dos alunos, é reflexo do “excesso de liberdade” e falta de assistência dos pais, tendo como conseqüência o sofrimento do professor, que acumula as funções de pai, mãe, tia, psicólogo, etc. (“que saudade da Ratio Studiorum!”).

Outro fator que observei que atrapalhava no rendimento das aulas era o tamanho da sala de aula, e a quantidade elevada de alunos... A sala era muito apertada para trinta e sete alunos! Fazia muito calor, propiciava a conversa paralela (cadeiras muito juntas) e a falta de atenção.

Mas mesmo diante destas dificuldades, senti que minha missão foi plenamente cumprida, ensinei e aprendi com os alunos, num processo dialógico, buscando compreende – los e ser compreendido.

Hoje posso afirmar que tenho uma vivencia da realidade docente do Ensino Fundamental, sei das dificuldades, dos desafios, mas também das alegrias, de ver o aluno aprendendo algo novo a cada dia...

Enfim, valeu à pena vivenciar esta prática, compreender in loco como se processa essa arte que chamamos educação! Esse conceito tão simples, mas que traz em si um mundo de discussão. Termino o Estágio, “extasiado!” com a experiência adquirida, com certeza foi algo muito significativo, é pra toda a vida:

“O ensino é um processo interativo que jamais deve ser confundido com a simples instrução, mais próxima do "adestramento". A educação é, por outro lado, uma função e um serviço no qual intervém uma multidão de fatores e atores, que de forma não sempre consciente se põe a serviço do educando.” (Elian Alabi Lucci).

“A boa educação é moeda de ouro, em toda parte tem valor” . (Pe. Antônio Vieira).

“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. (Cora Coralina)

“Não há saber mais ou saber menos. Há saberes diferentes”. (Paulo Freire).

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OBS: Ratio Studiorum foi o manual pedagógico do ensino jesuítico, elaborado no final do século XVI expandiu-se rapidamente por toda a Europa e regiões do Novo Mundo em fase de ocupação.

L.M.J.

Leandro Martins de Jesus
Enviado por Leandro Martins de Jesus em 03/11/2006
Reeditado em 03/11/2006
Código do texto: T281097
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