Nascer de novo – as vontades da vida

Todo ser humano é uma metamorfose ambulante (fato). Constantemente sentimos a necessidade de mudar tudo em nossas vidas: roupa, estilo, namorado, curso, trabalho, profissão, amigos, cidade... vida. Sim, sentimos vontade de mudar de vida. Pois bem, hoje acordei desejando escrever sobre estas transformações de que tanto estamos falando. Não, meus amigos, não são as transformações impostas pela vida, aquelas inevitáveis e indesejadas. Estou falando daquela vontade nossa de ser outra pessoa.

É comum do ser humano ser insatisfeito com tudo. Faz parte do princípio da vida, sem essa vontade natural do homem, o mundo ainda estaria na época das cavernas (I Can’t get no satisfaction). É comum que a gente queira uma transformação ou outra de vez em quando, só pra dar sentido à vida, mas o que leva um ser humano a desejar mudar a vida toda? Será que só insatisfação é a resposta? Não... não acredito que essa seja a opção correta.

Ta certo que a vida nem sempre é como queremos, gente, mas daí a desejar uma outra vida, completamente diferente... tem algo de errado aí, não tem? Penso que se formos fiéis ao que somos de verdade, conseguimos felicidade. Se conseguirmos felicidade sendo quem somos, não desejamos ter outra vida; portanto, o desejo de transformação vem de algum comportamento nosso que negamos. Se negamos tudo o que temos sido, então vem o desejo de nascer de novo.

Veja bem, não é de renascimento que estou falando, porque renascer é ainda carregar certa bagagem da vida que tivemos. É nascer de novo, ser outra pessoa, ser quem somos de verdade.

Mudar de ares, de amores, de personalidade, ser fiel ao que se é e o que se sente. Poder desejar o que vier na cabeça, sem ter que dar explicações a ninguém, ser dono do próprio nariz e, a cima de tudo, SE SENTIR HUMANO. Eureca! Daí vem nossa vontade de transformação. Daí vem nossa metamorfose ambulante. A gente sente vontade de nascer de novo, quando para de reconhecer nas nossas atitudes a própria personalidade.

Ser fiel à nós mesmos é praticamente impossível, vira e meche estamos nos traindo. Eu mesma me traio todos os dias. Falo o que não sinto, penso o que não digo... sou muitas mulheres durante o dia. Bipolar e indecisa.

Fidelidade não é tão importante. E é possível reverter os estragos que ela provoca, mas deslealdade... penso que com essa não tem jeito! Se somos desleais ao nosso caráter, se em uma das inúmeras tentativas de sermos outras pessoas, conseguirmos fugir do que realmente somos... aí então vem a vontade de nascer de novo; de estar em outro lugar e entre outras pessoas para que possamos voltar a ser quem realmente somos.

Ingenuidade a nossa hein... quando a gente muda de ares, podemos deixar muitas coisas pra trás: amores, amigos, família, lembranças... mas sempre levamos o que é o maior vilão nessa história toda: nosso jeito desleal de ser.

Mudanças são necessárias, legítimas e importantes para nossa evolução interior, mas é bobagem nossa acreditar que conseguiremos a realização da vida se não formos fiéis ao nosso caráter. Errem, gente, permitam-se a dádiva do erro. Juntar os cacos pode ser difícil, mas fugir de nós mesmos... isso é infelicidade na certa.

Anja do tempo
Enviado por Anja do tempo em 24/02/2011
Código do texto: T2813094
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