:::A Biblioteca:::

Eu passava entre as fileiras e estantes precisamente organizadas e empoleiradas de livros e mais livros. Embora tenha uma grande admiração por capas bem feitas e multicoloridas, sei que um livro jamais pode ser julgado por sua capa, ainda assim, acho que é o cartão de visitas destes. Gosto dos exemplares antigos, com capas bicolores e folhas amareladas cheirando á história. Meus dedos tocavam delicadamente as fileiras de livros enquanto eu caminhava até o final da biblioteca.

Eram tantos que chegavam a serem milhares e faziam surgir em minha face um meio sorriso. Meus olhos brilhavam a cada passo lento e curto, a fim de não perder nenhum detalhe sequer. Eu olhava os livros com a ânsia de uma criança por um doce, andava como se fosse a primeira vez que estivesse em uma biblioteca. Eu simplesmente queria morar ali entre os livros.

Ali se concentrava um enorme arsenal de histórias, das mais diversas possíveis. Era ali que a imaginação nos dava asas e, sendo assim, nos fazia voar. Fechei meus olhos por um instante e percebi que poderia criar quantos universos quisesse. Havia um castelo, cavaleiros medievais, jardins de violetas, fadas pequeninas que cabiam na palma de minha mão. Olhei para cima e vi um céu desenhado no teto, possuía milhões de estrelinhas e bem no canto, a lua fitava-me sorrindo.

Por detrás das estantes notei nascer um arco-íris que trazia um lindo pote dourado. Imaginei que seria o momento parar, enfim, descobrir o que havia no fim do arco-íris. Teriam duendes? Ou tesouros de antepassados? O que? Corri em direção a ele, mas tropecei e cai com as mãos apoiadas no chão.

Meus óculos caíram distantes e engatinhado fui pegá-los, esfreguei minhas mãos em meus olhos e os coloquei. Qual surpresa não tive quando abri lentamente os olhos e olhei em direção ao arco-íris. Ele não estava mais lá e em seu lugar preso entre dois pregos havia uma grande faixa de boas vindas. O pote ainda estava lá, mas não era dourado, eram apenas um porta-canetas lotado. Fiquei frustada por não conseguir desvendar o mistério, mas descobri que certos mistérios não precisam ser desvendados senão perdem todo o encantamento.

Eu queria deitar no meio da biblioteca e dormir protegida pelos livros que olhavam para mim. Livros que traziam jazidos em si as almas de poetas e escritores que dedicaram suas vidas, assim como muitos, á imaginação, que nos permite voar!

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 02/03/2011
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