COISAS DA ATUALIDADE

Estamos caminhando para o primeiro trimestre de 2011. Dizem que não vamos passar do ano que vem. Já existe até um filme, daquele estilo catástrofe, que levou multidões às bilheterias, mostrando como será o fim dos tempos. A julgar pela situação lá pelas bandas da Líbia, parece que tudo caminha mesmo nessa direção. Mas, como lá nos anos cinquenta já existiu uma conversa nesse estilo, pode ser que o Criador mude de idéia. Quem viver verá.

Mas este texto não pretende abordar assunto tão trágico. Pretendo apenas dizer que os consumidores, atualmente, apesar de todo o aparato legal, continuam recebendo o mesmo tratamento de outras épocas. Ou seja, o mais precário possível. Basta observar as queixas que são publicadas diariamente nos grandes – e pequenos – jornais do país. A maioria das empresas já não receia nem mesmo os tribunais, pois sabem que qualquer demanda envolve um tempo considerável. Então, porque se preocupar?

Dito isto, é bom esclarecer a intenção destas linhas. Ou seja, mostrar até de forma divertida, como andam as coisas nesse aspecto. Pois é. Em julho do ano passado adquiri um carro novo, marca consagrada, de descendência saxônica. Tem tudo, até bancos de couro que é frio no inverno e muito quente no verão. O conselho da empresa: use e abuse do ar condicionado para conservá-los. E eu sou alérgico. Mas não lhe disseram isso no momento da compra? É evidente que não. E agora que começou a chover outra descoberta: o ventilador que deveria desembaçar os vidros, não faz esse serviço, pois ele traz o ar quente do motor para dentro. Sentiram o drama? Pois é. Conselho da revendedora: use o ar condicionado. Ele sim mantém os vidros sem qualquer interferência. E a alergia, onde fica? O chefe da oficina deu um olhar esquisito, como se dissesse: problema seu. E é.

O carrinho – não é nenhum veículo que chame a atenção pelo porte ou imponência – foi adquirido em julho com o certificado de “revisão de entrega”, ou seja, atestado de “ok”. A poucos metros da loja, que já havia fechado, foi possível observar que a seta traseira do lado direito estava queimada. Isso próximo das oito da noite. E não manhã seguinte era necessária fazer a inspeção de emplacamento. Ainda bem que o funcionário foi compreensivo. Ao entrar na oficina, vejo o olhar de espanto do vendedor: “- mas estava queimada mesmo?”. Foi preciso ser sarcástico: “-pode ser que não. Só não está funcionando”.

Julho, agosto, setembro, final de outubro. O carrinho atinge três mil quilômetros. No posto de combustível o frentista constata: “- está faltando meio litro de óleo”. Um carro novo, recém saído da loja, com baixa quilometragem e nível de lubrificação baixo. Diagnóstico da concessionária: “- em alguns modelos acontece isso. É comum. Às vezes já vem de fábrica assim”. E aí começou um novo drama. As jovens recepcionistas, simpaticíssimas, informaram para que não fosse esquecida a revisão dos seis meses ou 10.000 quilômetros, o que chegasse primeiro. Em janeiro, o carrinho completou o número de meses. A quilometragem continua bem longe. Marcada a inspeção, o chefe da oficina sentenciou: “revisão só com a chegada do número de quilômetros determinados no manual”. E não se falou mais no assunto.

Foi aí que resolvi escrever para a fábrica. Afinal, a marca conceituada e consagrada pelo público não se furtaria a uma simples informação. Carta enviada com aviso de recebimento e prazo para a resposta. Esta não chegou até agora. Esses fatos tiveram lugar no início de fevereiro. Só o A. R. retornou. De resto, nem uma linha sequer. E não falei do cartão de crédito da fabricante associada a um banco, por apenas duas pequenas mensalidades. Mas já é assunto para outro trabalho. Tudo isto não é um lamento, não. É um simples relato de “coisas da atualidade...” .