Evolução e solidão

Recentemente, andei refletindo sobre uma peça de Gorki que li, chamada Pequenos Burgueses. Numa das últimas passagens, Teteriev, o filósofo bêbado e vagabundo que vive na pensão do mesquinho patriarca Bessemenov diz, impiedosamente que, quem não acompanha a inevitável evolução da vida, acaba sozinho.De fato, esta frase nos convida a pensar. Quem não se adapta às mudanças, fica preso na ignorância e no preconceito, perdendo as chances de crescer e se aprimorar como ser humano e cidadão.

Uma pessoa reacionária é desagradável e, quem fica ao lado dela por um tempo, não aguenta sua conversa, pois ela não aceita opiniões diferentes, recusa-se a entender que haja outros modos de viver e pensar e tem uma visão limitada da vida e dos acontecimentos.

Bessemenov é um homem que se aferra a valores que já não fazem sentido e não consegue mais impor respeito nem a seus familiares, vendo suas expectativas fracassarem. Por seu conservadorismo, ele acaba ficando isolado, não conseguindo encontrar lugar diante dos novos valores que aparecem.

Tal é o destino dos que se recusam a admitir que nada é permanente nesta vida e está sempre mudando. As outras pessoas acabam por evitar sua companhia, porque eles têm a alma enferrujada e se recusam a sair da escuridão, aferrando-se a valores que, muitas vezes, já não têm razão de existir.