Tudo vira passado
 
Sempre costumo dizer que tudo na vida acaba virando passado, mas alguém que muito estimo me falou que as coisas que vira passado, são as coisas que não têm muita importância em nossa vida. Refleti e acabei concordando porque na realidade é assim: vivenciamos situações que vira passado, pois o tempo não volta, mas por outro lado, as coisas que têm significado eterno em nossas vidas, viram saudade, memórias afetivas que o tempo passado se faz presente em nossos corações.

O que não lembramos, ou esquecemos com facilidade basicamente deve ser por não ter força de permanecer vivo em nós. Um exemplo de que tem coisas que não vira passado, é que, no segundo dia de carnaval, em meio a tanta folia, minha vontade era somente de abraçar minha mãe, mas como não podia, resolvi visitar seu túmulo e lá chegando, fitei meus olhos as imagens do repertorio das minhas memórias afetivas, tão vivas e presentes em meu cotidiano, então tentei ser realista e consolar a saudade incontida que há em mim, através do sorriso tão lindo da minha mãe, estampado na foto que contemplava, enquanto rezava.


Não sei se é certo ou se é errado, ou se é porque realmente não sou de me apegar as coisas absolutamente matérias, mas são raríssimas as coisas em minha vida, que não viram passado, que permanecem presentes de alguma maneira em meu viver.

Vejo pessoas brigando pelo poder, querendo subir derrubando umas as outras, ou simplesmente escravizadas pelo “ter”, de qualquer jeito, sem se darem conta de que um dia, nada disso terá valor nenhum, pois daqui a dez, vinte , trinta ...cem anos talvez, poucos nomes serão lembrados, salvo aqueles que souberam escrever sua própria historia.Só conheço um que permanece antes e depois “Jesus Cristo”.Nenhum outro.

Então, se formos analisar, de que adianta tanta correria? Sem tempo pros filhos, pra lazer, e tantas das vezes deixamos até de darmos importância as coisas mais simples da vida, por excesso de tarefas, sem lembrarmos de que o importante, é sermos felizes, afinal, é para isso que vivemos, pra sermos felizes, pra melhorarmos enquanto pessoa, mas infelizmente, em tempos de tanto banalismo cultural, desigualdade social e desamor, a “pessoa “parece ser a menos importante, porque há evidencias disso, no próprio corpo, na ética, nas situações conflituosas de marginalidade e tantas mazelas sócias que se proliferam a cada dia, mas enfim, o tempo se encarrega de mostrar o que vale a pena ou não na vida.


Até que ponto estamos preparados pra viramos uma boa lembrança, uma saudade gostosa de ser sentida, um sorriso de alguém ou até mesmo o sonho compartilhado de alegria de alguém, uma paz serenizada? Sinceramente, não sei, mas uma coisa é certa, somos capazes. Creio que somos nós, quem mais precisamos de nós mesmos, porque ninguém é responsável pela felicidade dos outros, cada um pode atender ao aceno dos momentos felizes que pode durar uma vida inteira.

Tenho escutado muitos depoimentos acerca dos pontos mencionados acima, mas teve um que muito me chamou atenção, foi o fato de uma senhora de noventa anos ter olhado pra mim e ter dito:

“- Minha jovem, por mais que tenhamos cuidados, ninguém escapa dos sinais do tempo, por isso viva, aproveite as oportunidades de ser feliz, porque o tempo não volta”.

É verdade. O tempo não volta e daqui a alguns anos, é possível que tudo fique para trás, vire passado, ou uma historia esquecida.

Por fim, o que é a vida, senão a infância da eternidade? Assim, penso que é nosso espírito que precisa ser eternizado, e para isso depende de nossa historia, do que cremos, do que construímos e edificamos através das nossas atitudes.

 


 

Antonia Zilma
Enviado por Antonia Zilma em 08/03/2011
Reeditado em 14/09/2022
Código do texto: T2835990
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