199 - UM TIPO INESQUECÍVEL...




Na cabeça um chapéu, ora de panamá, feltro ou shantung ou ainda de vinil, o que não faltava em qualquer que fosse o chapéu, era pequena pena de pavão ou de outra ave exótica, como adereço indispensável a figurar como se fosse marca que o distinguia. Usava sapatos pretos com brilho de ofuscar o próprio sol ou sapato em duas cores bem distintas, marrom e bege claro.
Figura singular, com seu terno de linho branco ou cinza pérola impecavelmente engomado e passado contrastando com sua pele em tom de tecla de piano brilhava como se tivesse aplicado um creme bem oleoso, ou como jabuticaba bem madura.
Ele se destacava mesmo numa multidão de iguais na altura rivalizava-se com aquelas figuras de cerâmica enfeitar jardim ou toquinho de porta de açougue. Quando sorria, e ele fazia sempre, desfilava dentes bem cuidados e perfeitamente alinhados que causava inveja nos companheiros na empresa... Era de um humor dos melhores, mas para sair das trilhas, sim trilhas e não trilhos, pois, quando queriam vê-lo perder a boa, um gaiato gritava no fundo do caminhão de turma: Tamanduá!!!
Outro respondia Paca, Cotia, gritava outro lado. Se um dos engraçadinhos gritasse Tatu, ele esticava o bico, digo, os beiços e ficava parecendo uma tromba ou focinho de tatu-galinha, tatu-canastra, testa de ferro, ou mesmo o tatu-bola. O dia estava irremediavelmente perdido, logo pela manhã: - Diabo de serviço este de ficar furando buracos no chão com aquelas lambretas de baiano, ele chegava a casa com o corpo todo dolorido de tanto manobrar aquele martelo de ar pneumático, como se fosse o bicho cavoucando na terra macia lá do mandiocal, no tempo em que morava na roça, lá na cidade de Raposos-MG. Só que agora era para plantar
bananas de dinamite. Tinha vontade de enterrar as bananas nas mães destes...fdps.

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Jornal Fonte da Pedra - Jornal o Passarela
CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 08/03/2011
Reeditado em 15/03/2012
Código do texto: T2836448