::: O cachorro e o Lagarto:::

O cachorro dormia tranquilo quando ouviu um barulhinho irritante debaixo do carro. Logo abriu os olhos, meio preguiçoso, não deu muito bola. E mais uma vez escutou o barulho, dessa vez mais forte, que fez com que ele levantasse guarda. Ligeiro se pôs em frente ao carro e começou a procurar e procurar o foco de tal barulho. Nada encontrava. A menina, que cantarolava enquanto secava a louça, ficou intrigada.

-“Que será que tem esse cachorro?” – Pensou.

Também não deu muito bola e continuou seus afazeres. O cachorro permanecia de prontidão rente a roda traseira e uivava sem parar. Soltava gritinhos e pulava com as patas batendo no chão como se quisesse avisar a menina. Passou um tempo e resolveu se sentar, mas o barulho o incomodava á dormir, ele precisava resolver. Levantou rápido e depois de tanto procurar, encontrou o motivo de tanta algazarra. Ora, era um pobre lagarto que apenas passeava por ali. Era tão verdinho e tinha um grande rabo que lhe permitia correr. Mas o cachorro era esperto, muito esperto.

Agachado, espreitava em silêncio. Com as patas esticadas e o focinho próximo ao chão, olhava atento os movimentos do lagarto que, tão amedrontado, permanecia atrás da roda do carro. O cachorro fitava o lagarto, o lagarto fitava o cachorro e ambos ficaram intactos. Mas, num bobo movimento, o lagarto correu para o lado e o cachorro, nada bobo, foi em direção a ele. A menina retirou os fones do ouvido e começou a observar aquela cena. O cachorro e o lagarto correndo de um lado para o outro como se estivessem brincando.

O lagarto não tinha por onde fugir, uma hora ele teria que sair e enfrentar o grande cachorro peludo. E assim fez. Num ato de bravura, saiu em disparado pelo quintal com o cachorro atrás dele. O lagarto então avistou uma porta aparentemente fechada e pensou: “Ah! Ali ele não poderá entrar!”. E veloz passou por debaixo da porta como um tiro. Mas, a porta estava apenas entreaberta e o cachorro batendo a pata nela, conseguiu abrir.

A menina apenas ouvia a confusão dentro do banheiro. Deve ter pensado: “Pobre lagarto, não teve chance alguma!” E estava certa. Minutos depois, o cachorro saiu trazendo o lagarto pendurado em sua boca. Veio estufando o peito com um olhar de herói. Agachou-se em frente a sua casinha e colocou o lagarto bem perto. Ficou vigiando. Já sem rabo e sem forças, o pobrezinho soltou um último suspiro e morreu.

Já cumprida a missão, o cachorro subiu em seu cobertor e rodando encima dele, deitou e num longo suspiro, adormeceu. Com o lagarto ali, estirado no chão com as patas pra cima. E naquele dia o cachorro sonhou com seus filhotes e na história que poderia lhes contar: O dia em que matou um lagarto irritante!

Ana Luisa Ricardo
Enviado por Ana Luisa Ricardo em 11/03/2011
Reeditado em 11/03/2011
Código do texto: T2842131