CONVERSA DE HOMEM

Como sabem meus amigos leitores, o Tomás (quase 6 anos), meu neto caçula, está passando uma temporada aqui em casa, juntamente com seus pais, Daniel e Karina, enquanto o novo apartamento da família está em obras aqui pertinho na Cidade Nova, Belô. E de repente a tranqüilidade que eu e minha cara metade, Dona Mari, desfrutávamos todo santo dia foi quebrada com a presença dinâmica do esperto lourinho, o qual apronta desde manhãzinha até à noite, quando adormece, exausto, por volta das vinte e duas horas, pois ninguém é de ferro.

Seus pais levantam às seis horas, acordam o pequenino para deixá-lo no colégio, antes de partirem para sua labuta diária e ele, com sono ainda, às vezes resiste, choraminga mas não tem saída, sai com os dois para enfrentar a sua jornada colegial. Eu acordo com o movimento mas não me atrevo a intrometer, pois se ele me vê aí é que o caldo engrossa, com chororô e seu peditório aos pais:-

“- Eu quero ficar com meu avô, eu quero o vovô! ...”

“- Tomás, para com isso! Você tem suas obrigações, tem a escola, a professora e seus coleguinhas o aguardam. Seu avô está dormindo, depois vocês brincam. Vamos, anda logo com isso! ...” – diz o Daniel, sempre enérgico.

Por volta do meio dia ele retorna e aí temos o resto do dia e a tarde toda para mil e uma atividades, natação às segundas e quartas, aula de música às quintas e jogos do “BEN-10” no computador, entremeados com desenhos animados na TV, leituras de livros infantis indicados pela sua professora, o dever de casa (no meu tempo era “para casa”) e as brincadeiras que ele mesmo inventa.

Falar nos jogos do tal “BEN-10” , ontem o bicho pegou. O Tomás me pediu pra entrar na internet, acessar "WWW.com.br.cartoonnetwork", segundo ele, buscando assim os tais jogos do seu herói do momento. Eu sou meio barbeiro nessas questões, pois meu “jogo” favorito é o RDL (nisso eu sou craque). Mas me dispus a ajudá-lo e entrei na página indicada. Surgiram na tela as imagens, etc., até que o garotinho optou por um jogo do “BEN-10” com uns tais alienígenas. Foi indo, foi indo (eu do lado, só acompanhando) até se embananar e ficar nervoso pra chuchu. Aí começou a chorar e me pediu para falar com o Fred, filho caçula da vizinha do 101, Dona Léa, um jovem de 19 anos, boa praça e muito fera em computação, uma vez que eu mesmo, nervoso e suando frio, não dava conta de resolver o impasse. Autorizei e lá foi ele pedir socorro ao Fred.

Hoje cedo, indo à padaria, dou com a Dona Léa na entrada do prédio e ela me fala da visita do Tomás, rindo muito e contando o que presenciou:-

“- Sabe, “Seu” Roberto, o Tomás bateu a campainha, atendi, ele disse que queria falar com o Fred. Meu filho abriu o computador, ensinou-o como lidar com os tais joguinhos do “BEN-10” e depois eles ficaram no maior bate papo. Quando me aproximei com um suco ele, Tomás, virou-se e me disse:-

“- Dá licença? A conversa é de homem, tá? ...”

“- Fiquei pasma, mas me afastei deixando os dois proseando. Quando o Tomás voltou pro seu apartamento, indaguei do Fred qual era a razão do segredo. Sabe o que ele respondeu? ...”

“- Ah, mãe, o Tomás estava me contando de uma menina do colégio da qual ele gosta muito, sabe? Como ele mesmo disse é “conversa de homem”, tem que respeitar!”

Eu até imagino quem seja, mas ... deixa pra lá. Vamos respeitar, como disse o meu vizinho Fred.

-o-o-o-o-o-

B.Hte., 11/03/11

RobertoRego
Enviado por RobertoRego em 12/03/2011
Reeditado em 12/03/2011
Código do texto: T2843410
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