Travessia do Tempo

Enquanto o tempo atravessa a minha vida apresuradamente vou adquirindo imprescindíveis conhecimentos e desaprendendo outros já desbotados, me apegando a novos sentimentos, me desembaraçando daqueles com a data de validade vencida, e, durante a caminhada, jogando fora velhas e amargas lembranças, preconceitos e crenças sem sentido, procurando lapidar, calmamente, o meu espírito.

Não ouso mais maldizer a vida, acusando a de injusta, pois hoje, tenho a clareza que sou o arquiteto de meu destino, nada nem ninguém pode carregar a culpa de meus fracassos, de meus medos, de minhas inseguranças, ou de minhas relações mal resolvidas: sou o único responsável por minhas escolhas . Aprendi de maneira atroz o valor da confiança, do respeito pela pessoa humana, e que, na maioria das vezes a solidão maltrata, e quando não enlouquece cura.

Enquanto a dor se debatia dentro de mim, me apunhalando de dentro para fora, entre a insanidade de meus pensamentos e o pranto nascido d`alma... Tocou em mim a mão de Deus, e uma vontade sem precedente me jogou de joelhos ao chão, me calei por breve momento, enquanto transbordava de meu ser __mortalmente ferido__ o enorme desejo de tecer uma prece, pois naquele precioso momento, tive a convicção que não estava sozinho. Foi na mansidão desse instante que travei o monólogo mais importante de minha existência.

Segurei com força a mão estendida, e com tranqüilidade comecei a galgar os degraus por onde despenquei. Retomei com ardor a coragem perdida, do sofrimento surgiu vida, da dor brotou esperança, perspectivas, aprendizado. Com a serenidade adquirida, sei que no caminho muito será cobrado de mim, algumas lágrimas ainda molharam a minha face, que não vai ser fácil resgatar a confiança nas pessoas, mas estou disposto a tentar, a mudar, a prosseguir até o último passo acreditando na veracidade do amor que trago comigo, e que um dia, antes de partir, me sentirei plenamente realizado e feliz.

Erminio Rezende
Enviado por Erminio Rezende em 18/03/2011
Reeditado em 18/03/2011
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