Última Vez
Eu só queria um único poder naquele momento: - o de paralisar o tempo. E ficar ali, em teus braços... Me perdendo e me encontrando em cada terno olhar, em cada minúcia de nós dois.
E percebi que, talvez, o amor seja assim mesmo, sereno e doce. Sem delongas e tempestivas ações. Daquela forma, quase sem jeito, de você me tocar a face e alcançar meu coração.
Talvez, seja mesmo você.
Em cada pausa do teu monólogo, eu admirava tua entrega sem medo. E aquela falta de palavras (tão bem substituída pelo abraço que parecia ter sido feito, especialmente, para toda esta falta que havia em mim) me fez renascer no teu colo.
E eis que, depois de tudo falado e sintetizado no (talvez) beijo mais doce que eu tenha recebido, surge o desespero e a ânsia das lágrimas. Era a última vez? E o nosso silêncio condenou a resposta. E tuas mãos junto às minhas, cegou o medo e calou a indecisão.
Você é meu instante de paz, embora o fogo me queime ao ter tuas mãos pelo meu corpo.
É meu resumo do dia quando, no balanço, existem mais sorrisos que caretas.
Te tenho em mim, tão breve e tão lento, que poderia decorar o teu gosto e soletrar todas as palavras que teu olhos me dizem.
Talvez, sim. Seja você...
No tempo errado. Na medida certa. No lugar inadequado. Na dose esperada. No momento incerto.
E por aqui, o desejo te ter por perto até que os ventos soprem ao nosso favor e mude a direção.
Era a última vez. A última que eu suportaria semente.
Em todas as outras... raiz.
Me despeço, muda.
E ainda comigo, tuas verdades que só me fazem desejar outras (muitas – milhões) de últimas vezes.