O COELHINHO DA PÁSCOA

A Páscoa está chegando, e traz consigo um festival de chocolate. Aliás, como não saber? Tem chocolate por toda parte; anúncios na televisão, outdoors pela cidade, túneis de ovos de Páscoa nos supermercados. Leve uma criança ao supermercado e você verá como os olhinhos dela brilharão e ela não saberá qual ovo pegar, diante de tanta variedade.

Mas afinal o que é a Páscoa? As crianças não entendem direito o significado. Até mesmo alguns adultos não sabem o significado. Sabem sim, que é dia de ganhar ovo colorido de chocolate.

A Páscoa para os hebreus significava o fim da escravidão e o início da libertação do povo judeu, marcado pela travessia do Mar Vermelho, que se tinha aberto para abrir passagem aos filhos de Israel; Moisés ia conduzi-los para a Terra Prometida.

Para os cristãos, a Páscoa é a passagem de Jesus Cristo da morte para a vida: a Ressurreição.

De todos os símbolos, o ovo de páscoa é o mais conhecido. Nas culturas pagãs, o ovo trazia a idéia de começo de vida. Os povos costumavam presentear os amigos com ovos, desejando-lhes boa sorte. Os chineses já costumavam distribuir ovos coloridos entre amigos, na primavera, como referência à renovação da vida.

Sou da opinião que ao invés de "coelho da Páscoa" deveria ser "galinha da Páscoa" ou “Pomba da Páscoa”. Galinhas são aves barulhentas, cacarejantes e um tanto desmioladas. Pensando bem, o melhor seria pomba. Pombas são seres teológicos. Começando com a história da Arca de Noé, quando a pombinha foi em busca de uma prova de que o dilúvio tinha acabado e voltou com um raminho de Oliveira no bico, já que o corvo que a precedeu, ingratamente não voltou para noticiar o fato.

Engraçado, as oliveiras daqueles tempos extraordinários deveriam ser

diferentes das oliveiras de agora. As oliveiras de agora certamente estariam mortas, depois de passar tanto tempo debaixo d'água. Oliveiras não são plantas subaquáticas.

Mas voltando ao assunto, devo dizer que, aos menos avisados, esse fato de coelho botar ovo, faz uma tremenda confusão; nas crianças, então, nem se fala.

Oras, todo mundo sabe que coelhos não botam ovos. Essa ideia de colocar o coelhinho como ovíparo foi de imenso mau gosto, além de estapafúrdia. O publicitário da época escolheu mal o símbolo da sua campanha, mas confesso, tem sido um grande sucesso, pois, o fabuloso marketing dura até hoje.

Já pesquisei e não encontrei nos textos sagrados nenhuma referência sobre esse singelo animalzinho “Top Model” da festa sacra. Por outro lado, também há de se levar em consideração que nos tempos de Jesus não existia ou não se havia descoberto o chocolate.

Existem muitas lendas sobre os ovos, contudo, a mais conhecida é a dos persas; eles acreditavam que a terra havia caído de um ovo gigante e, por este motivo, os ovos tornaram-se sagrados.

Também há lendas que contam que o simpático coelhinho de Páscoa foi de fato um belo pássaro que pertencia à deusa da tradição anglo-saxã Eostre, - nome que lembra "Pascoa" em inglês: Easter - e um dia, transformou-se em coelho. Mas em seu âmago ele continuava pássaro e por isso continuava a construir seu ninho e o enchia de ovos. Quanta criatividade!

Como o coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades e entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida, talvez aí esteja a explicação da maldade que fizeram com o bichinho.

Todavia, meu Deus! Fazer o coelhinho botar ovo!