Uma balança bem equilibrada..

Desde que li essa frase “Não quero mais correr desde a hora que acordo até a hora que durmo...” decidi mudar de vida. E eu li essa frase exatamente uma semana após voltar ao trabalho depois de praticamente três meses afastada. Embora essa fosse já a minha idéia, andar em vez de correr, foi só voltar a trabalhar e não deu outra: a correria recomeçou e eu percebi que em poucos dias estava recuperando velhos e detestáveis hábitos. Se há um tempo para plantar e um para colher deve haver também o tempo para simplesmente curtir a colheita. O tempo do devagar, que para mim nunca será quase parando, mas simplesmente devagar. E como o velho ditado afirma que é devagar que se chega longe talvez esse meu momento seja o que vai realmente me possibilitar alcançar as grandes distâncias.

Nasci em Arantina, uma cidade bem pequena do interior de Minas, margeando o Estado do Rio. Arantina é cercada por morros nanicos e eu sempre sonhei ir além desses morros, muito além. Não passei de Lavras, cujo nome realmente é sintomático, principalmente porque por aqui nunca houve ouro, nem prata, nem pedras preciosas. Só lavras mesmo. Não é nenhum pico do Everest, mas é um lugar muito bom para se viver. Mas mesmo aqui a vida é uma correria, só que pode deixar de ser, se assim a gente quiser. E é isso que eu quero e essa é agora a minha opção. Uma vida tranqüila dentro daquela possibilidade - Deus põe e o diabo dispõe. Não quero mais transpor montanhas, segundo o sentido literal da palavra – quero apenas crescer além dos limites da mente e do espírito porque é esse o crescimento único que realmente vale à pena. O futuro? O que eu podia fazer me preparando contra ele já fiz, o que vier daqui pra frente será lucro, já estou na vantagem. Acho que não preciso mais provar nada a ninguém, nem a mim mesma e a vida sem o ônus da prova é uma maravilha. Quando se faz uma escolha, por mais certos que estejamos dos ganhos, também é preciso ter ciência de que existem perdas. Não se pode ter tudo na vida, temos que abrir mão de certas coisas. O jeito é colocar na balança para no mínimo mantê-la equilibrada. E acho que a minha balança vai ficar equilibradinha, pois o que vou ganhar vai compensar o que vou perder.