CAJUBI NO CLARÃO DE VEROLME

Makinley Menino

Cajubi era a paixão e sonho de um homem que idealizou um ente querido viajando nas águas do mar azul do Rio de Janeiro na baía de Guanabara. Profetizou em silêncio calmarias e tempestades súbitas que abasteceriam seus desejos de dominar no timão da sua embarcação a obscuridade do oceano e às sortes de ventos e ondas em movimento. Navegando no plano liso infinito num destino qualquer, no prazer de chegar lá e encontrar suas idéias, tesouros, sacramentando o corpo e mente com os estados auto-dominantes transbordando as emoções submersas dos segredos abissais.

Embarcar no Cajubi permitia vislumbrar as belezas dos rios que deságuam ao mar, das ostras que submergiram búzios e estrelas marinhas escondidas, navios e seus esqueletos esquecidos, pontos distantes, inesquecíveis que marcaram todos aqueles que viajaram naquele barco pó-pó-pó reféns da imensidão daquela estática e dinâmica próprios dos sintomas de mulheres grávidas.

Ilha grande, beleza igual era inimaginável, porém, era o lugar maravilhoso em que aquele casco cortava suas águas verdes cheias de mistérios e furiosos ventos. Panorama cujos elementos proporcionaram construir a memória de aço de momentos extraordinários. Com destino aventureiro aportava na enseada do Abraão e lá se viam as marcas dos homens e seus prisioneiros, forró e seus bailarinos com desejo de marinheiros para sacolejar. A noite despertava o brilho da quilha do Cajubi que navegando separava os plânctons em duas metades distintas excitando os mais ávidos alevinos daquele lindo mar. E conduzido pelas estrelas, aparentemente perdidos pela ausência da luz achávamos nosso ancoradouro nas luzes espetaculares da Marina de Verolme, estaleiro de atividades náuticas de Angra dos Reis. Nosso estaleiro era local indeterminado, era ao lado da draga que todos os dias tínhamos que rebocar até a encosta por que os ventos viviam a nocautear qualquer coisa viva ou material no seu leito e território.

Vi então, o maestro do Cajubi agarrado em sua bússola procurando naquelas águas controlar as tensões de um barco enfermo apresentando os sintomas das máquinas e seus sistemas de funcionamento. Na manivela que era necessária como motor de arranque porque a bateria vivia fraca e sem carga. A esperança que o mecânico Zé do Norte frustrou quando nos seus diagnósticos os defeitos relativos aos movimentos daquela máquina e de outras, sempre eram os de esmerilar as válvulas.

A alma e o coração deste capitão são todos esses sabores que temperam o gosto pela vida, que transladam os pés em outros caminhos, e fazem da mente humana um livro de linhas e recordações que afinal são sempre as razões do nosso viver.

MakinleyMenino
Enviado por MakinleyMenino em 30/03/2011
Reeditado em 02/10/2011
Código do texto: T2878651
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