LEMBRANÇAS DA INFÂNCIA: "Quando ofendi Maria"

Maria era uma prima, filha de Tia Zezé, que ajudava minha mãe a cuidar da gente. Curiosa, malcriada, abusada, eram alguns adjetivos que Maria usava quando eu não obedecia às suas ordens ou metia-me onde crianças não eram chamadas, o que me acontecia com freqüência, aos seis anos de idade.

Naquele dia minha mãe havia saído e Maria não deixava que brincássemos na rua, apenas no quintal da casa, que era grande e não tinha cerca, ainda assim eu achava o território pequeno, queria explorar outros lugares.

Ouvia os gritos de Maria a me chamar, fingia não escutá-la. Na insistência não dava a mínima, Maria não era minha mãe, não deveria obedecer. De repente senti um puxão de braço e o grito:

- Não está escutando não, sinhá cabrita? Num impulso respondi: Me larga sua rapariga.

Foi a gota d`água. Maria não me bateu, mas ficou vermelha da cor de um tomate maduro, era agressão demais para uma moça donzela.

(Revisão: Ivanio Cunha)