DIREITO DE SE IR E VIR

DIREITO DE IR E VIR

Crônica –Iran Di Valença

O mais decepcionante resultado que a tecnologia por imagem trouxe para a sociedade foi contribuir para o cessar direito de se ir e vir. E o que é mais doloroso é o fato de ele haver se estendido para o recinto sagrado dos lares, de todas as classes sociais, desagregando as famílias. Com o advento da tecnologia visual, então poderia se vislumbrar os mais maravilhosos e espetaculares anseios de uma sociedade em evolução, sobretudo um saudável congraçamento dos povos, eliminado os desníveis sociais e econômicos e interando-os.

Não resta dúvidas que tais objetivos foram, em parte, alcançados, porém como o Bem vem sempre paralelo ao Mau, este último não deixou de sobressair e comprimir os direitos do Bem

Indiscutivelmente, a exploração comercial cinematográfica pela Tv e de outros meios, da violência inerente no espírito humano despertado em seu ego pela ambição de riquezas materiais, saiu das telas dos cinemas para as telinhas do aconchego dos nossos lares, conseguindo destruir até os naturais e saudáveis hábitos de sentarem à mesa nas horas de alimentação.

Há até uma propaganda de certo canal de TV aberta onde exemplifica uma cena da nossa mais famosa e internacional manequim, correndo para receber nos braços o marido e ele, lhe retribui, porem sorrateiramente usa uma das mãos para ligar a TV, demonstrando que seu interesse está mais ligado ao citado canal. Eu, pelo menos, considero tal publicidade uma afronta ao amor.

A comunicação por imagem como formadora de opinião, possui todos os recursos necessários para indução do Bem e do Mal, dependendo da tendência. Não nego que tenho dois aparelhos de TV de última geração em meu lar, além dos outros recursos da comunicação visual. Sou idoso ocioso e tais meios visuais me permitem saber das ocorrências do mundo, boas e más, contudo, não me passo com elas para me distrair com as programações que exploram a violência e diga-se a verdade, são poucas. Antes de me sentar ao Micro para escrever esta crônica, como tenho por hábito desde criança despertar cedo para ir trabalhar, ainda deitado aproveitando por estar saindo de uma convalescença, estava passando um filme de colegiais. Observei dois outros menores, que pareciam marginais, sorrateiramente acompanhando duas colegiais que se dirigiam para um lugar aparentemente suspeito, como se pretendessem assaltá-las. Logo senti minha condenação ao episódio de uma insinuação à violência. Na sua continuidade, eles estavam espreitando-as para ir avisar um colega amigo da intenção delas. Resultado final, uma menor grávida, escondido dos pais, foi dar a luz a uma criança. Contudo, todas as aparências de que a pretensão era uma provocação de um aborto. Posteriormente o namorado, avisado pelos amigos, a encontrou. Possivelmente a censura alterou o final.

Não consegui tirar nenhuma lição do filme e decidiu escrever meu protesto pelos únicos meios que disponho, tendo certeza de ser uma voz clamando no deserto. E como tal mal parece irreversível, estou certo, os índices de violência crescerão e se aprimorarão.

Sou idoso, porem não sou contra a evolução social e tecnológica da sociedade por acreditar que tal objetivo lhe foi concedido por Deus Contanto, tenha saudade do tempo que poderíamos desfrutar da paz nas ruas para visitar parques, apreciar as vitrines, sentar nas calçadas, etc. com a total confiança no direito de ir e vir. Hoje, sair de casa é uma aventura. Até visitar os Shopping Center, sequer sacar dinheiro Caixa móvel bancário. É inconcebível.

Egoisticamente, fico satisfeito porque minha missão terrena está bem perto do final. Embora meus descendentes terão que se acomodar a evolução dos males da comunicação visual.

Iran Di Valencia
Enviado por Iran Di Valencia em 06/04/2011
Código do texto: T2892334