Meu Golden Retriever

Meu Golden Retriever

Ah! Meu querido Golden, não pode imaginar a falta que você me faz! Neste momento em que digito essa crônica para extravasar meus sentimentos sufocados, sinto sua presença, deitado aqui bem perto de mim, junto ao computador. Você era uma companhia muito boa, me deixava mais alegre, me acalmava. Quando adoecia, eu adoecia de preocupação; não conseguia trabalhar, porque você não merecia passar pelo sofrimento que passou. Se você ficava triste e chorava por dentro, eu chorava por dentro e por fora, tamanha era a nossa cumplicidade... E olhe que você entrou na minha vida através dos meus filhos Lívio e Lorena, daí seu nome carinhoso Lilo. Veio morar comigo quando já estava crescidinho, em virtude da mudança de meus filhos para Salvador. Você era, apesar de ainda muito novo, forte, grande! Gostava de espaço e não se adaptaria em apartamento. Ficou comigo. Foi muito bom. Vivemos felizes por dois anos como se você fosse uma pessoa da família. Aqui, todos gostavam muito de você!

Não fui eu quem o comprou num canil tão longe daqui! Foram eles. Não fui eu quem teve os primeiros cuidados com você, quem o levava para tomar as primeiras vacinas. Foram eles. Não fui eu quem lhe ensinou as primeiras movimentações pela casa, o lugar onde faria suas necessidades, os primeiros passeios. Foram eles. Enfim, eles foram seus primeiros pais quando deixou o canil de uma cidade de Minas, onde nasceu de um casal de Golden Retrivier legítimo. Seu nome: Elliot na certidão de nascimento, mas Lilo para todos nós que o amamos. Amamos, pois você foi um amigo especial. Dócil, educado, encantador! Não é à toa que Fernanda, minha neta, o chamava de “meu irmãozinho, meu amiguinho”. Um dia, ela, quando repreendida pelo pai porque não queria comer, foi para o quarto e chorou. E, com as lágrimas a escorrer pelo rostinho angelical, disse: Eu quero morrer... Quero ir pro céu ficar com Lilo!

Era assim nossa relação com você, meu amigo, meu companheiro. Esquecê-lo, impossível! Fecho os olhos e o vejo caminhando pelo quintal, abanando o rabo para os lados quando me via chegar do trabalho. Seu pelo dourado esvoaçava com o vento e todos que o viam se encantavam com sua beleza! No primeiro contato, assustavam com o seu tamanho e robustez. Depois, quando dizia que você era dócil, amigo, educado, todos se aproximavam e não queriam mais se afastar de você. E perguntavam o seu nome, a sua raça, onde o adquirimos. E foi assim sua vida enquanto viveu. Não me esqueço da muitas brincadeiras de Diego com você, fazendo-o correr atrás de uma bolinha que ele comprara, de chamá-lo “Negão”.

Como eram demorados os seus banhos, meu amigo! Quando não o levava ao Petty Shopp, eu mesma cuidava de você! Um cansaço! Mas era gratificante vê-lo limpinho, cheiroso, aquele pelo maravilhoso, brilhando sob o brilho do sol!

É... Mas um dia você começou assustar todos de casa. De início, fungos. Eram tratados com paciência... Depois, a hemorragia nasal. Consultas ao veterinário. Espera. Melhorava. Voltava. Fui ficando muito triste com tudo isso. Novas consultas. Novos remédios. Em vão. Numa noite você se esgotou, seu corpo já não suportava e, exangue, na manhã, você se foi. E tudo foi muito triste, porque foi muito rápido. Ainda ia levá-lo para um centro maior, para se submeter a novos exames, mas não houve tempo... Chorei. Meu filho Diego e eu choramos abraçados. Não quis vê-lo mais.

Ficou em nós, particularmente em mim, uma grande e saudosa lembrança de um amigo tão doce, que alegrou por algum tempo meus dias.

Hoje, só hoje tive coragem de conversar com você, meu fiel companheiro, quando registro aqui os momentos alegres ao seu lado e os momentos de tristeza ao vê-lo partir.