De Vara em Vara

A advogada militante, Joana Cordeiro Nascimento (nome alterado para preservar-lhe a identidade) exerce sua atividade profissional em Caxias, Estado do Rio de Janeiro, cidade situada na Baixada Fluminense, cujo nome homenageia o patrono do glorioso Exército Brasileiro.

De Caxias, São João de Meriti e de outras localidades da região brotaram políticos de vários matizes ideológicos, a maioria tingida de vermelho, cor desbotada que enfeia a paisagem da Esplanada dos Ministérios e do Palácio do Planalto, em Brasília.

A cidade de Caxias é berço de “excelências” que povoam a Câmara dos Deputados, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e as Câmaras de Vereadores da Baixada. Ali também reside Joana Cordeiro Nascimento, que se diferencia de seus conterrâneos com mandato parlamentar por defender bravamente os interesses da população junto às diversas instâncias judiciais onde atua.

Doutora Joana, segundo ela própria menciona em petição abaixo transcrita, é considerada a melhor advogada de Caxias, a mais brilhante, por sua competência. Segundo diz, “conhece muito o direito, o errado e o certo”. A jurista, inscrita na OAB, seção do Rio de Janeiro (também excluo seu número de registro por óbvias razões), renunciou a mandato outorgado por procuração pública, decepcionada pela mudança ocorrida na nomenclatura do departamento judicial em que atuava.

Em petição ao Excelentíssimo Doutor Juiz da 16ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, a advogada (não seria rábula?) assim se expressou, feitas as correções gráficas, gramaticais e de pontuação, julgadas necessárias à inteligência do texto. As agressões à gramática e ao estilo literário são muitas. Transcrito como inicialmente redigido, aumentaria a vergonha dos que concederam o diploma a tão incompetente profissional.

Eis os termos da mencionada petição:

JOANA COORDEIRO NASCIMETO, advogada da reclamante (omito o nome explícito no original também para evitar sua identificação), vem, ante a presença de V. Exa. informar que, de uma forma ou de outra, resolveu RENUNCIAR aos poderes doados pelo autor na folha da procuração.

Que a presente renúncia tem motivos justificadores suficientes, trazendo desânimo até a alma, senão, vejamos:

A ilustre Advogada RENUNCIANTE, considerada pela maioria a maior advogada de D. Caxias, a mais brilhante, pois sou competente, "conheço muito o direito o errado e o certo" (grifei); minha insatisfação é originária da mudança no nome da JUSTIÇA DO TRABALHO, que antes se chamava J.C.J (Junta de Conciliação e Julgamento) e agora passou a chamar-se VARA. Essa nova denominação me trouxe e me traz diariamente imensos e grandes constrangimentos …

Que, antes, para vir fazer audiência ou acompanhar processo eu entrava na JUNTA, e agora sou obrigada a dizer: estou entrando na VARA, fui à VARA, fiquei esperando sentada na VARA;

Que não concordo com o termo VARA. Sou mulher evangélica, não gosto de gracejos;

Que deixo a VARA para quem gosta de VARA: funcionários “varistas”, homossexuais que fiquem na VARA, permaneçam na VARA ou trabalhem na VARA;

Que saio fora desgostosa por não concordar com o termo pornográfico VARA pra cá VARA pra lá.

Em tempo: outro dia, estava entrando no prédio da Justiça e o meu telefone celular tocou. Meu marido perguntou-me onde eu estava. Olha só o constrangimento da minha resposta: entrando na 10ª VARA.

É por isso, que comunico minha renúncia; já comuniquei verbalmente a meu ex-cliente, tudo na forma da Lei.

Assim posto,

Peço e aguardo deferimento.

S. J. de Meriti /Rio de janeiro, 05-05-2001.

Joana Cordeiro Nascimento – Advogada, OAB-RJ (número omitido por este cronista).

Que coisa! Gostaria de não ser verdade o que li, comentei e transcrevi para meus estimados leitores. Recebi e-mail de fonte fidedigna, cujo texto, devidamente escaneado, contempla carimbos e vistos da 16ª Região do TRT e é chancelado pelo assistente de diretor do colendo Tribunal. Conforme estabeleci acima, não explicitarei os nomes das autoridades signatárias do acatamento do pleito, por oportuno, embora o documento transcrito seja de domínio público, devidamente publicado pela Internet.

É por isso que das duzentas melhores universidades do mundo, nenhuma é brasileira!

E você, ainda acredita em tudo isso que está aí?.